O cobertor de nuvens me envolve
e amortece os sons enquanto
eu me estendo sonolento ao lado
de meu amor que respira bem suave
e a lua sobe.[^1]
A noite continua, eu fecho a porta
e deixo o livro pelo chão:
a escuridão se põe em morros calmos,
a estação mudou e o vento é morno.
Criaturas se levantam, outras dormem.
Retenha os seus sonhos, sonhos fogem.
Ao gramado chega uma chuva fria
que anuncia um amanhecer dourado.
E o som do novo dia ergue-se do chão
e eu me apoio nele com meus pés fiéis,
e meu amor respira suavemente ao meu lado,
e percorro a bruma da manhã que tarda
enquanto raios tímidos querem que ela arda.
[^1]: Este pequeno poema é uma paráfrase, posteriormente estendida e muito modificada, da letra da canção “A Pillow of Winds”, do Pink Floyd. Uma das razões por que me propus a escrevê-lo foi justamente perceber o caráter “mineiro” (se é que isso é possível) da letra original, escrita Roger Waters, no tempo em que ainda não estava obcecado com o fantasma do pai. A primeira versão apareceu na Web em 2005.