Isso não é nem literatura,
mas desabafo de amargura
de que será capaz todo ser vivo.
Falta beleza, falta um motivo
que me prenda as linhas, curioso.
Não que tenha sido horroroso:
apenas ausente de um dedo
que é preciso para ser poetisa,
não basta ter raiva, falta medo
falta alguma coisa imprecisa
que se ganha com a dor dos anos
e nos faz, no fim, seres humanos.
Não se faz poema triste
tendo tanta alegria,
nem quando você insiste.
Se quer tomar poesia
tome tudo que existe
e deixe vir sem agonia.