Como você faria se tivesse diante de si um frágil indício de algo importante a respeito do passado? Esse é o dilema enfrentado pelo jovem Jacques Erhardt, e que vai levá-lo a muitas frustrações. Ao mesmo tempo, conhecemos Raimundo, um jovem absolutamente detestável que deseja aventuras a todo custo. Como seus destinos se encontrarão? Após longos dez anos de gestação (que incluíram um período de cinco ininterruptos de abandono), está na Kindle Store o romance “O Reino Esquecido”, a minha primeira tentativa de romance sobre a história (não é um romance histórico).
Em parte a demora da conclusão se deveu à complexidade da teia narrativa. Apesar de apenas 150 páginas na versão impressa, essa é a narrativa mais complexa que eu já escrevi até hoje, tendo vários núcleos narrativos, pelo menos onze personagens com participação ativa na história (se são doze ou mais, isso depende de como você, leitor, definirá se cada um chega a ser “ativo” ou não). No total são mais de vinte personagens, nem todos nomeados.
O fio da narrativa parte de dois pontos distintos e segue os personagens através de idas e vindas por lugares próximos e distantes, tais como as cidades de Grevenmarcher e Luxemburgo (em Luxemburgo), Bruxelas e Antuérpia (na Bélgica), Montevidéu (Uruguai), Balneário Camboriú (Santa Catarina), Prudentópolis (Paraná), uma cidade não nomeada da Grande São Paulo, uma cidade fictícia do interior de Minas Gerais, Belo Horizonte e uma cidade não nomeada, mas que foi baseada em Alfredo Vasconcelos, que fica próximo a Barbacena. Ufa!
Para conseguir acompanhar os personagens em todos esses lugares aonde eu nunca fui, ou só fui muito brevemente, foi necessário contar com a ajuda de pessoas que lá estiveram e de muita pesquisa na Wikipedia e no Google Maps. A dificuldade desta pesquisa explica, em parte, a demora, pois a obtenção de informações como os horários de trens entre Paris, Luxemburgo e Bruxelas não era fácil de conseguir em 2006 para um cara como eu, que reside no interior de Minas Gerais. Ao mesmo tempo, esta informação era essencial para a credibilidade da história. Espero não ter escrito nenhuma besteira gigantesca que vá fazer os leitores rirem de mim.
O foco de “O Reino Esquecido” é o trabalho de conclusão de curso apresentado em 1970 por um estudante bolsista de História na Universidade de Louvain, na Bélgica, baseado em escavações arqueológicas feitas em Luxemburgo. Esse trabalho, supostamente “revolucionário”, fascina e desgraça (profissional ou moralmente) aqueles que com ele entram em contato. Os personagens têm pelo menos uma chance de redenção, cada um, mas isso envolve sacrificar o que cada um considera mais valioso: sua pátria, suas ambições pessoais, sua ética.
Acompanhe a história de Jacques Erhardt e Raimundo Gomes em sua disputa pelo amor de Estela Urzaiz e na patética tentativa de esclarecer um obscuro período da história medieval europeia.
Boa leitura.