O cliente se aproxima do guichê. Um senhor entre cinquenta e sessenta anos de idade presumíveis. Pede o saldo da caderneta de poupança. A jovem caixa pede o cartão, digita alguma coisa no teclado e solicita digitação da senha. O saldo é impresso e o cliente pergunta:
— Moça, como faz para eu tirar tudo que eu tenho na minha poupança que eu tenho com a minha mulher?
A funcionária, vamos dar-lhe um nome qualquer, um nome simpático, porém, como “Manu”. Ela olhou o saldo na tela, eram mais de 100 mil.
— Senhor, para esse valor é preciso comunicar a previsão de saque com 48h de antecedência para podermos providenciar.
— Muito bem, então volto depois de amanhã.
Depois do dia seguinte retorna o cavalheiro. Manu preenche um cheque avulso, dá para ele assinar e liga para o tesoureiro, que traz 110 mil reais em espécie. Tiveram que catar dos terminais de autoatendimento e destinar umas centenas de dinheiro trocado, porque a agência estava com encaixe mínimo. Era uma pilha de dinheiro, com muitas centenas de notas de baixo valor.
Manu recebe o dinheiro, registra-o contabilmente e então autentica o cheque avulso. Coloca o dinheiro dentro de uma caixa de papelão, tampa e entrega ao cliente.
— Moça, como eu sei se tem 110 mil aí? Pode conferir para mim?
— Senhor, estas notas foram contadas mecanicamente pela tesouraria e estão com cintas da agência.
— Mas, e se estiver faltando um pouco, como vou saber? Confere para mim!
Manu teve de contar 3.400 cédulas na presença do cliente. Suas mãozinhas delicadas ficaram até imundas da sujeira das notas que eram, algumas, refugo já. Com o dinheiro, uma hora depois, devidamente conferido, e tendo conseguido provar ao cliente que havia, de fato, 110 mil naquela maldita caixa, Manu tampou-a novamente, deu graças e a entregou ao seu cliente.
Então ele lhe disse:
— Deposita para mim na minha conta individual.
Faz lembrar, positivamente, algumas do Ponte Preta. Só não entendi por que o cara traz 110 mil e o senhor leva 105.