Comece removendo a ideia de que há um (ou alguns) livro(s) que contenham todo o conhecimento necessário. Algum que seja o livro necessário.
A raiz de todo o mal esta em encarar o conhecimento como um recurso limitado, de que se deve adquirir somente o necessário, o mínimo necessário.
Para se elevar culturalmente você não precisa ler os livros que alguém lhe recomende. Deve, aliás, justamente, desobedecer a quem lhe recomenda livros.
Você é quem deve buscar ler aquilo de que precisa e aquilo que lhe interessa, tendo, porém, o cuidado de não ler somente aquilo que lhe é útil e que faz parte de sua «zona de conforto» intelectual.
Então leia o que quiser, leia variadamente, leia com frequência, leia muito.
Não acredite, nunca, que um só livro lhe baste para entender o mundo.
Não acredite, principalmente, que você deve evitar os livros que pessoas em posição de poder lhe dizem que você não deve ler. Esses são os primeiros que você deve ler.
Nenhum livro é perigoso em si mesmo quando você adquire o hábito de confrontar ideias. Os livros só se tornam perigosos quando passamos a buscar em algum deles a resposta para tudo, sem confrontar com outros ou, principalmente, com a realidade.
Por isso São Tomás de Aquino certa vez disse que deveríamos temer ao homem que lê um livro só (timeo hominem unius libri).
Ler um livro só simplifica a realidade e pode fazer com que o leitor encontre dentro desse livro um sistema lógico inatacável, que só pode ser refutado por quem também leu o livro. Porém, mesmo esses refutadores terão menos experiência e paixão que aquele que somente lê àquele livro.
O homem que lê um livro só é um debater temível sobre esse livro porque ele sabe tudo dele, sabe citá-lo de cabo a rabo e aleatoriamente. Se o debate ocorre diante de uma plateia capaz de apoiá-lo, ele pode construir a narrativa de que o confronto com a realidade é “desviar o assunto”.
Abra sua mente, leia muitos livros diferentes e você perceberá que o mundo não é simples e que esses vendedores de ilusões somente querem enganá-lo.
Eu não lhe recomendo nenhum livro em particular, porque o conhecimento tem muitos caminhos e é possível concluir a verdade lendo livros de esquerda ou lendo livros de direita, desde que sejam livros honestos. A verdade não tem lado: normalmente todos os lados são inimigos da verdade.