Ontem tive pela terceira vez este ano o desprazer de perder totalmente um texto em que estava trabalhando. Tratava-se de uma bonita crônica sobre poesia, poetas e esquisitices poéticas, que traçava o caminho entre a escrita de um poema de 39 versos e sua cristalização em um curto dístico, forma definitiva e total que ele teria.
O texto se perdeu porque meu computador, que anda com a placa de vídeo problemática, travou subitamente enquanto eu o escrevia. Mas meu PC não foi o único culpado. Culpa maior teve o Blogger, que não salva mais automaticamente as postagens, pelo menos não todas as vezes. Doeu reiniciar o computador e, ao entrar novamente no blog, ver por um breve instante o texto estampado na caixa de edição, e em seguida apagado por alguma inexplicável magia negra do Google.
Se estivéssemos no século XIX ou mesmo em 1980 eu teria usado a pena ou uma máquina de escrever, e nesse caso teria o texto material diante de mim, impossível sumir tão assim. Eis o mistério da precariedade de nossa literatura. Temo que algum dia, se o Blogger apagar minha conta, tudo quanto escrevi retorne ao éter. Estou começando a, paranoicamente, fazer backups semanais de todas as postagens, mas, o que ocorrerá se o apagamento de minha conta coincidir com uma pane do disco rígido?