É direito de todo mundo gostar dos clássicos e também de detestá-los, desde que você tenha um critério. Detestar os clássicos “em bloco” é ignorância. Mas gostar de um e não de outro é algo perfeitamente natural.
Não pretendo desenvolver nenhuma tese de doutorado sobre um paradigma universal de valoração da qualidade intrínseca dos textos literários, apenas disse que ninguém é obrigado a gostar dos clássicos só porque são clássicos, da mesma forma como ninguém é obrigado a gostar dos best-sellers porque vendem muito. Ambas as posições são falaciosas: Achar que todos somos obrigados a gostar dos clássicos é argumentum ad verecundiam e achar que somos obrigados a gostar dos best-sellers é argumentum ad populum (apelo ao gosto popular).
Inclusive porque o conceito do clássico pode variar ao longo do tempo. Obras que um dia foram consideradas de alto padrão hoje estão praticamente esquecidas, enquanto autores que um dia foram ignorados hoje são revalorizados e redescobertos. Nem todos os clássicos são iguais, nem em fama, nem em qualidade, nem em influência e nem em capacidade de agradar a múltiplos gostos. Obrigar-se a gostar dos clássicos é abdicar do direito de ter uma opinião própria, é aceitar a imposição totalitária de um cânone decidido pelos “capazes”. Mas ainda pior do que isso, é abdicar de tentar desenvolver o gosto literário através da comparação.
Você tem todo o direito de não gostar de algum clássico, só não tem o direito de ser ignorante deles. Não há salvação na ignorância.
E o que achas de desgostar de best-sellers?
Como evita-se ser ignorante de clássicos?
Diz isso para os senhores que gerenciam os vestibulares de faculdades federais (principalmente os da Unicamp). é um absurdo ter de ler obras literárias completamente irrelevantes para ter que entrar em cursos de engenharia. Um dia ainda espero que evoluam e esqueçam disso. (Será?)