Os professores brasileiros odeiam livros. Desde pequenos os alunos são ensinados a odiar livros e revistas. Não existe uma classe sequer de primário na qual os alunos não sejam ensinados, quase diariamente, a destruir revistas e livros “velhos” para fazer cartazes. Esses pobres livros e revistas são sacrificados como cobaias em nome do conhecimento. Crescem as crianças acostumadas a meter a tesoura no papel impresso.
Ao mesmo tempo, temos a apostila, essa descartável publicação que todo ano se renova. A apostila é o conhecimento compactado, autossuficiente e transitório. Precarizado na forma de umas páginas mal digitadas e formatas que se imprime na própria secretaria da escola. A apostila convence o aluno de que o livro bem feito não importa, a apostila “serve”. Ela é barata — e isso é uma qualidade — e porque preenche a necessidade de um suporte para a aula, ela “basta”.
Assim os moleques crescem acostumados a destruir livros e revistas e a ver os repositórios de conhecimento como objetos improvisados e passageiros. No futuro essas crianças não vão se importar em comprar livros, vão se contentar com cópias feitas na xerox da faculdade, que depois serão jogadas fora. As cópias não ficam marcadas na lembrança e nem sobram na estante como recordações dos tempos acadêmicos.
A nossa escola ensina o aluno a odiar livros.