Tenho saudades de coisas tolas,
de pequenos sonhos que tive,
de coisas simples que passaram cedo
e deixaram uma falta, uma ausência,
uma forma de pesar só manifesta
em lágrimas que pendem sem cair
e pensamentos que pensam sem surgir.
Foram pequenas coisas que vivi,
sentimentos que não me alegraram,
migalhas de emoções que me serviram
mas depois levaram e eu não comi.
Essas saudades de coisas belas,
são pequenas provas de que antes
— mesmo estando só e sendo infeliz —
eu conhecia uma forma altiva de sentir
que talvez não me salvasse,
mas que me tornava algo melhor.
Lembro-me de cartas, de sorrisos curtos.
De pequenas ilusões que acalentei,
de amizades rasas com que me embebedei
e de projetos parcos que me inflamaram.
Hoje tudo são poemas que guardo num caderno,
tenho saudades dessas coisas, como de nada.
Parece que meu passado é um vale fundo
coberto de neblina espessa e cheio de fantasmas.