Clark Ashton-Smith foi um poeta e autor de ficção fantástica americano, amigo e correspondente de H. P. Lovecraft e de uma penca de outros autores famosos. Apesar de seu inegável talento, passou a maior parte de sua vida na pequena cidade de Auburn, fazendo trabalhos braçais para sobreviver. Morreu em 1961, sem filhos. Sobre sua obra, já escrevi um artigo que seria bom ler antes deste. Vulthoom pertence ao curto ciclo das histórias que Ashton-Smith ambientou em um Marte fantástico que deve muito à concepção […]
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Textos longos, desenvolvendo completamente um tema.
Sobre a Possibilidade de Colonização de Vênus
Recebi um comentário do Antônio Luiz Monteiro C. da Costa sobre o conto “Residente em Vênus”, no qual ele dizia que meu conto não poderia nem de longe ser considerado ficção científica “hard” por várias razões. Algumas das razões que ele apontou realmente são inquestionáveis, como o fato de que tal tipo de ficção se concentra mais em tecnologias do que em interações entre indivíduos ou sociedades. Mas existe uma razão que ele apontou que me pareceu defensável: que a minha descrição de Vênus não […]
Popularidade, Plágio e Advogados
Quando perdemos a noção de nossos direitos, pode às vezes parecer opressão quando querem nos entregar aquilo que devia ser nosso [sugestão de cena ilustrativa: um faquir se recusando a receber pagamento pela sua apresentação]. Às vezes nos acostumamos tanto a entregar de graça o que nos é tão caro, que chamamos de prostituição quando pensam em pagar-nos. Estas duas frases me vieram à mente a propósito de um [texto publicado hoje no “Bacia das Almas”]) pelo +Paulo Brabo. O autor está perplexo porque recebeu uma […]
O Cenário como Elemento Central da Ficção de Clark Ashton-Smith [2]
Como vimos anteriormente, caro leitor, em nossa análise do conto A Paisagem com Salgueiros, as obras de Clark Ashton-Smith diferem da maior parte da tradição literária ocidental por colocarem em primeiro plano a construção do cenário, a ponto de o autor frequentemente transformar o próprio cenário em um personagem (como no citado conto). Esta não é uma opção exclusiva sua, mas na época em que escreveu ainda eram poucos os autores que compartilhavam desta escolha. Mesmo nos gêneros fantásticos os autores, em sua ampla maioria, […]
O Cenário como Elemento Central da Ficção de Clark Ashton-Smith [1]
Tem-se por inquestionável verdade que a concepção dos personagens é o elemento central da literatura de ficção em qualquer gênero. Sem personagens dotados de credibilidade e de motivações a história, por boa que seja, tende a fluir de uma maneira desconexa, de forma que os acontecimentos não apresentam sequencia lógica. Tanto é assim que não é raro que certos personagens adquiram um relevo cultural muito maior do que o das obras em que apareceram originalmente. Exemplos desse fenômeno são Romeu e Julieta, Hamlet, Cyrano de […]
O Humor, à Direita e à Esquerda
Dependendo do tipo de pensamento político de cada um, serão expressadas diferentes visões do que seja humor, ou deva ser. A ideologia subjacente ao pensamento do indivíduo condicionará não somente suas atitudes e dizeres, mas também as categorias com que classifica o mundo real. Sendo o humor um fenômeno existente no mundo real, ele também será entendido de forma diferente, e classificado em compartimentos diferentes conforme a ideologia de quem o entende e classifica. Tipicamente o humor de esquerda, que tem mais raízes históricas, se […]
A Ficção de Clark Ashton Smith
Há momentos na história da literatura em que os veículos mais inusitados dão vazão ao talento de autores competentes, resultando em obras de insuspeita qualidade que, infelizmente, tardam em receber o devido reconhecimento devido ao preconceito motivado justamente pelos veículos em que foram publicadas. Um desses momentos foi o período entre-guerras nos Estados Unidos, quando floresceram revistas mensais de folhetim conhecidas como “pulp fictions”. Impressas em papel barato e vendidas a preço baixo, destinadas à classe operária, não deixaram, por isso, de contar com autores de primeira grandeza porque ofereciam um veículo para a profissionalização de quem desejasse começar na literatura.
Já que Castro Alves não Está Vivo para se Defender
Recente artigo de autoria da “psicóloga cristã” Marisa Lobo publicado no portal GospelMais procurou diminuir o peso das bobagens ditas a respeito da África pelo pastor e dublê de deputado Marco Feliciano. Já que as declarações do indivíduo são indefensáveis perante o bom senso (embora não perante a justiça que, neste país, tem apenas uma relação remota com tal conceito), é de se esperar que a autora tente encontrar autoridades para referendá-las. De preferência autoridades mortas, que não reclamarão de serem alistadas como guarda costas […]
A Gramática dos Dialetos Brasileiros Merece Respeito
A leitura de *Preconceito Linguístico: o que é e como se faz* — obra seminal de Marcos Bagno — me abriu os olhos para algo que eu intuía, mas nunca articulava: o viés de luta de classes que está presente na concepção da língua como algo que precisa ser ensinado ao povo *ignorante*, ao povo que *não sabe falar*. Na visão da gramatiquice tradicional, já devidamente desancada por Monteiro Lobato em sua *Emília no País da Gramática*, o povo é uma espécie de primata pelado que não se humaniza, pela linguagem, se não for à escola, esse laboratório do saber onde o tosco bípede é amestrado naquilo que serve aos objetivos da sociedade capitalista.[…]
Instituições Policiais na Província de Minas Gerais no Segundo Império
O amigo leitor que se pergunta o porquê dessa postagem saiba que se trata de uma descoberta notável, que me salvou do ostracismo um dos melhores contos (quase uma noveleta) que eu jamais escrevi. Terminada a história, maravilhosamente ambientada nos “sertões do leste” de Minas Gerais, em um momento indefinido do Segundo Império (vários elementos na história indicam que se trata de um contexto pós-regencial), eis que me dei conta de um imperdoável e imenso anacronismo: o desfecho da história só fazia sentido mediante a […]