A borda não estava tomada pelos pigmeus e o monstro lagarto tinha avançado até que os três homens não tinham mais espaço do que o suficiente para ficarem de pé na beira do precipício, sobre um arco em lua crescente formado por seu corpo. A cerimônia executada pelos pigmeus chegou ao fim, suas genuflexões e cantorias cessaram e todos voltaram seus olhos para os amotinados em uma contemplação simultânea e atenta. Os quatro que montavam a criatura lagarto exprimiram em uníssono uma simples palavra de comando:[…]
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[Tradução] Abandonados em Andrômeda [5]
Aparentemente, a uma voz de comando, os guardas se aproximaram da boca da caverna e sinalizaram aos homens que saíssem. Eles obedeceram. Bandejas cheias da pasta branca e copos de uma bebida negra e doce foram postos diante deles e enquanto comiam e bebiam toda a assembleia os olhava em silêncio. Parecia ter havido algum tipo de mudança na atitude dos pigmeus, mas a natureza desta, ou o que poderia implicar, estava além do entendimento. Todo o procedimento era extremamente misterioso e tinha quase o ar de algum sacramento sinistro. A bebida negra deveria ser um pouco narcótica, pois os homens começaram a se sentir como se tivessem sido dopados. Houve um ligeiro amortecimento de seus sentidos, embora seus centros cerebrais permanecessem alertas.[…]
[Tradução] Abandonados em Andrômeda [4]
Os pigmeus tinham parado suas montarias e estavam discutindo excitadamente enquanto olhavam os terráqueos com suas órbitas redondas. Os sons que faziam dificilmente poderiam ser reproduzidos por cordas vocais humanas.
— Mlah! Mlah! Knurhp! Anhkla! Hka! Lkai! Rhpai! — eles gritavam uns para os outros.
— Acho que somos novidade tão grande para eles quanto eles para nós — observou Adams.[…]
[Tradução] Abandonados em Andrômeda [3]
As horas se arrastaram. Eles conversaram com uma loquacidade esporádica, mas febril, em um esforço para vencer o nervosismo de que tinham plena, mas incontrolável, consciência. Homens fortes e maduros como eram, sentiram-se às vezes como crianças sozinhas no escuro, com uma horda de monstruosos terrores cercando-os de todos os lados. Quando o silêncio caía, a informulável estranheza e horror das trevas circundantes parecia chegar mais para perto, e eles não ousavam ficar calados muito tempo. […]
[Tradução] Abandonados em Andrômeda [2]
Os amotinados sentiram certo alívio. Qualquer coisa, mesmo a morte súbita pela inalação de uma atmosfera irrespirável, seria melhor do que o longo confinamento. Estoicamente, como condenados à morte, eles se prepararam para o mergulho fatal no desconhecido.
Os negros minutos se esgotaram e então as luzes elétricas foram acesas. A porta se abriu e Jasper entrou. Ele removeu em silêncio as amarras dos três homens, então se retirou e a porta foi trancada para eles pela última vez.[…]
[Tradução] Abandonados em Andrômeda [1]
“Camaradas, eu os desembarcarei no primeiro mundo do primeiro sistema planetário que encontrarmos.”
A gélida determinação das palavras do Capitão Volmar era mais terrível do que qualquer demonstração de ira poderia ter sido. Seus olhos estavam frios e duros como gemas de safira sobre a neve e havia um rigor fanático no endurecimento de seus lábios após cada palavra pronunciada com rudeza.[…]
Abandonados em Andrômeda
Um dos textos mais ágeis e acessíveis escritos por Clark Ashton-Smith foi o conto “Abandonados em Andrômeda” (*Marooned in Andromeda*), publicado originalmente em 1930 na revista *Wonder Stories.* Apesar de alguns pequenos anacronismos, a economia de Smith na descrição da tecnologia do futuro permite que o texto flua quase sem questionamentos, não tendo ficado obsoleto após oitenta e três anos de publicação. Trata-se, também, de uma das raras incursões do autor no terreno da ficção científica, ele que sempre se caracterizou mais pela fantasia.
[Tradução] O Explosivo de Baumoff (William Hope Hodgson)
*Dally, Whitlaw e eu discutíamos a estupenda explosão que recentemente ocorrera nas cercanias de Berlim. Nos maravilhávamos com o extraordinário período de escuridão que se seguira, e que dera curso a tanto comentário nos jornais, com teorias a rodo.*
*Os jornais tinham tomado conhecimento do fato de que as autoridades de guerra estariam experimentando um novo explosivo, inventado por certo químico chamado Baumoff, e se referiam a ele constantemente como “O Novo Explosivo de Baumoff”.*[…]
Impressões Deixadas por “Stalker”, de Andrei Tarkovsky
Ontem, já no comecinho da madrugada, terminei de assistir, via YouTube, o filme “Stalker”, dirigido Andrei Tarkovsky, filmado em 1979, a partir de roteiro escrito pelo próprio diretor, baseado no romance “Piquenique na Estrada”, dos irmãos Bóris e Arcádio Strugatsky, gênios da ficção científica soviética. Romance este que eu já havia comentado elogiosamente aqui, não faz muito tempo.
Línguas Podem Ser Imaginadas
Tolkien dizia ter um “prazer secreto”, verdadeira motivação por trás da escrita do “Senhor dos Aneis”: inventar línguas. É um passatempo muito antigo, diversão de grandes QIs. Nos seus primórdios, ainda não elevado ao estado de arte, produziu línguas pensadas para serem veículos neutros de comunicação internacional, como o esperanto. Posteriormente, constatada a inviabilidade de tal projeto (pois todos detestam unanimemente o esperanto), os fazedores de línguas passaram a ousar, e surgiram coisas diferentes.