Gabriela era uma menina comum, filha de pais bem comuns, que morava numa casa bem comum numa cidade qualquer. Como quase todas as meninas ela gostava muito de histórias e não passava uma noite sem pedir que seu pai ou sua mãe lhe contassem uma antes de dormir. Infelizmente os pais de Gabriela não sabiam muitas histórias. Eles eram pessoas ocupadas e sem paciência, passavam seus dias trabalhando e reclamando da vida — não tinham muito tempo para divertir-se e muito menos para ler livros […]
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Sobre Feijões e Fadas
Nossa cultura urbana desconhece quase tudo que se refere à vida tradicional do campo e essas coisas ficam parecendo lendas de um passado distante, mesmo que tenham acontecido há tão pouco tempo, menos do que se pensa. Bater feijão é algo que não está mais no imaginário de quase ninguém. Mas de minha infância eu ainda lembro de bater feijão como parte do rito anual da colheita, e era uma diversão melhor que a televisão. Numa das vezes em que bateram feijão no terreiro da […]
O Monstrinho no Armário
Júlia era uma menina cheia de manias. Principalmente era cheia de manias ruins ou esquisitas. Manias que aprendia de seus colegas, parentes, vizinhos, etc. Recentemente Júlia aprendeu a chorar. Nas primeiras vezes ela chorou naturalmente. O choro que as crianças choram quando perdem ou quando não acham, quando não têm ou quando quebram, quando querem e não podem ou quando não querem e têm que fazer. Mas a mãe de Júlia não tinha paciência e tinha tanta pressa em se livrar logo do choro da […]
Teresa e o Pônei
Teresa era uma menina de apartamento. Como toda criança ela gostava de bichinhos, não só dos de pelúcia mas dos de verdade também. Teresa gostava muito de passarinhos e de cavalos: seu grande sonho era um dia poder cavalgar um pônei pelo pasto afora, sentindo o vento nos cabelos e o sol no rosto. Mas o apartamento é um lugar pequeno: ali não dá para ter um cavalo. Coitado do bichinho! Onde ele pastaria? Em que riacho poderia brincar? Teresa até pensou em pedir que […]
O Fascínio das Papelarias
Quando eu estudava, ainda não existiam essas pequenas maravilhas eletrônicas que hoje caracterizam nosso dia-a-dia. Pesquisas eram feitas em bibliotecas empoeiradas — o bibliotecário era tido como um repositário de saber, reverenciado. Os trabalhos eram penosamente manuscritos, depois transcritos à máquina ou simplesmente passados a limpo por quem tivesse letra bonita. E o trabalho de rascunhar era ainda mais dificultado pelo tipo de material com que tínhamos de trabalhar. Há vinte anos, não existiam mais que quatro marcas de caneta esferográfica (Bic, FaberFix, Compactor e […]