Nossa cultura urbana desconhece quase tudo que se refere à vida tradicional do campo e essas coisas ficam parecendo lendas de um passado distante, mesmo que tenham acontecido há tão pouco tempo, menos do que se pensa. Bater feijão é algo que não está mais no imaginário de quase ninguém. Mas de minha infância eu ainda lembro de bater feijão como parte do rito anual da colheita, e era uma diversão melhor que a televisão. Numa das vezes em que bateram feijão no terreiro da […]
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No Mundo em que Vivo
No mundo em que vivo poesia não é mais necessário, flores são somente formas toleráveis. Talvez por isso seja tão urgente que perpetre poesia, que irresponsavelmente plante cores. Com a futilidade frágil de uns versos insisto contra a sólida imagem de coisas brutas que venceram e cuja impermeável razão de ser forma o alicerce de minha casa. Pensem nisso se me virem por aí, falando só, olhando vago. Estarei meditando meu próximo atentado contra a cinza escuridão que me enxerga e que envergo como um […]
O Fascínio das Papelarias
Quando eu estudava, ainda não existiam essas pequenas maravilhas eletrônicas que hoje caracterizam nosso dia-a-dia. Pesquisas eram feitas em bibliotecas empoeiradas — o bibliotecário era tido como um repositário de saber, reverenciado. Os trabalhos eram penosamente manuscritos, depois transcritos à máquina ou simplesmente passados a limpo por quem tivesse letra bonita. E o trabalho de rascunhar era ainda mais dificultado pelo tipo de material com que tínhamos de trabalhar. Há vinte anos, não existiam mais que quatro marcas de caneta esferográfica (Bic, FaberFix, Compactor e […]