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Textões e ficções. Tretas e caretas. Histórias e tramóias.
by J. G. Gouvêa

Uma Brevíssima e Amadora Análise do Conto Medieval Português “A Dama Pé de Cabra”.

Publicado em: 06/07/2012

Incluído nos “Livros de Linhagens” da nobreza lusitana está um breve relato sobre a família de Diego Lopes, que inclui uma personagem que ficou célebre: a misteriosa mulher montanhesa com pés de cabra. Trata-se de uma história interessante por envolver profundamente as fantasias populares lusitanas (e estas fantasias, claro, ecoam na nossa própria cultura).

Aspectos culturais

Como se verá, a deficiência física (um pé deformado) era um sinal de deficiência moral. A Dama Pé de Cabra é apresentada como uma espécie de bruxa, e o seu pé deforme é uma grave advertência disso. Algumas histórias mais exageradas não apenas mencionam a deficiência como falam de uma mulher literalmente dotada de pés de cabra — mas nesse caso o casamento não ocorre pelo afeto espontâneo de Diego Lopes pela dama misteriosa, mas pela promessa que ela lhe faz de honras e glórias caso ele a desposasse e a fizesse mãe.

Interessante notar que a Dama Pé de Cabra nunca é mencionada por seu nome nas versões mais antigas da história (e esta que transcrevo parece ser a mais antiga). Tampouco sua filha. Afinal, os livros de linhagens se preocupavam apenas em registrar a linhagem patriarcal da nobreza. Nascer mulher era um acidente.

Não consigo perceber muitos elementos semelhantes com contos de fada/bruxaria/cavalaria de outras culturas, e nisso reside justamente a originalidade e a beleza deste pequeno texto.

Elementos linguísticos

Saltam à vista as semelhanças com o espanhol. Inúmeros vocábulos do português arcaico (século XIII) se escrevem de forma parecida à castelhana: “muy”, “ella” etc. Isto se explica porque, de fato, as duas línguas eram muito mais próximas naquela época.

Em seguida temos variações de ortografia de uma mesma palavra, “el foi”, “ell lhe disse”, “elle lho outorgou”. Três formas diferentes do mesmo pronome e nenhum critério aparente de escolha. É algo parecido com o que acontece na escrita de uma pessoa mal alfabetizada, que erra de várias maneiras diferentes uma mesma palavra. Na Idade Média não havia gramáticas e nem academias, as pessoas escreviam como achavam que deviam e só o costume ditava alguma norma.

Você também notará palavras começadas com cê-cedilha: “em çima de huuma pena”. Isto é porque no português antigo os grupos “ce” e “ci”, bem como o “ç” eram lidos ainda com um resquício do “t” latino original: dependendo do dialeto a pronúncia deste “c” poderia ser lido como “ts” ou “θ” (o “theta” grego simboliza um “t” interdental parecido com o “th” inglês em “them”). A palavra “cima”, porém, deriva de um original latino que era pronunciado como “k” (e não de um “t”), o que confunde a cabeça do falante e o leva a usar cedilha. Esta confusão secular fez com que a pronúncia do “c” como “ts” se tornasse pedante e desaparecesse por fim. Em espanhol europeu ainda existe esta pronúncia (também do “z”) e pronunciar “cima” como homófono de “sima” é considerado um vício de linguagem que se consolidou.

Os pronomes oblíquos não ficam separados do verbo por hífen, simplesmente porque o hífen ainda não fora inventado. Assim temos “vioa” (viu-a), “namorousse”. A duplicação do “s” (nesse e em outros casos, já indica que o “s” intervocálico estava sendo sonorizado, tornando necessário deixar claros os casos em que fosse lido como “s” mesmo.

No primeiro parágrafo nota-se a menção a “muy alto linhagem”. Em português medieval, tal como em espanhol ainda hoje, estas palavras terminadas em “agem” eram todas masculinas.

O pronome “que” escrevia-se “ca”, o que confere com a tendência portuguesa a pronunciar o “a” átono como um “e”. O “Ll” indica o fonema que hoje se escreve com “lh” e o “lh” era outra coisa, porque o “h” entre uma consoante e uma vogal indicava uma breve semivogal. Alguns autores escreviam “mha” em vez de “mia”.

Usa-se o “y” em todo lugar onde a pronúncia seja de semivogal, mas também em monossílabos tônicos (“ssy”), como se verá no segundo trecho. Isso parece indicar que a letra “y” não era usada necessariamente para indicar a duração menor do fonema, mas para indicar que em certos contextos o “i” seria pronunciado diferente. Os dialetos portugueses preservam esse “i” mais fechado (nem sempre nos mesmos contextos do português medieval), mas nós não o temos mais. Esse “y” do português medieval parece sugerir que o “i” semivogal era pronunciado diferente do “i” longo (vogal plena), motivo pelo qual a semivogal se escrevia com o mesmo “y” de alguns monossílabos tônicos e oxítonos.

Usa-se “h” no começo de algumas palavras começadas com o fonema “u” para indicar que ele deve ser pronunciado como vogal. Ocorre que a letra “u” ainda não fora inventada e se usava a mesma letra para a vogal “u” e para a consoante “v”. Até o fim do século XVI, a letra “u” minúscula correspondia ao “V” maiúsculo. Quando o “U” maiúsculo e o “v” minúsculo foram inventados, a ortografia foi mudada para adaptar-se a isto. Em português medieval segue-se a convenção latina: usa-se “u” sempre, inclusive quando a pronúncia é de consoante: “ouuyo” é “ouviu-o” e “nauio” é “navio”. Mas no início da palavra, especialmente maiúscula, usava-se uma variação do “u” bastante parecida com o “v”, razão pela qual em alguns parágrafos você verá a letra “v” no início de palavras, mesmo minúscula.

Por fim, além da ausência da distinção entre “V” e “u”, já explicada, notem que não se usa nenhum “J”, nenhum “X”, nenhum “W” e raríssimos “Q”.

Mas não se usava o “h” inicial nos contextos em que ele era usado em latim. O verbo “auia” (havia) deriva do latim “habere”. O emprego do “h” inicial atendia a uma necessidade fonética, não etimológica.

Um caso à parte é a palavra “pee”, derivada do latim “pede”. Evidentemente a pronúncia desse duplo “ee” tinha um significado. É provável que as palavras com “ee” final fossem pronunciadas de forma análoga ao que fazemos hoje com as terminadas em “oo”.

O verbo “ter” ainda não era muito usado. Era muito recente a lembrança de seu sentido de posse material. Em vez disso usava-se mais o verbo “haver”. Diego e a misteriosa dama “ouueram” (houveram) dois filhos.

Usa-se muito a conjunção “e”, à maneira bíblica, para introduzir novas frases, evitando-se o ponto final. O que era fácil de fazer, pois a pontuação atual e suas regras ainda não fora inventada. Usava-se muito os dois pontos, para indicar que uma sequencia de frases segue um mesmo raciocínio (formando o que hoje nós agrupamos em parágrafos). Parece que os dois pontos seriam equivalentes ao ponto final de frase, enquanto o ponto mesmo indicaria um fim de parágrafo.

Notem bem que os nossos famosos ditongos nasais ainda não existem: “prisom” (em vez de prisão). Tampouco existem quaisquer acentos, somente o til, mas ele tinha um significado diferente. Não eram necessários porque não havia proparoxítonos (já que não havia latinismos e nem helenismos, apenas palavras devidamente moldadas pela boca do povo) e nem oxítonos (a não ser as palavras terminadas em consoante, inclusive verbos terminados em “s”, como “tiraras”, que deve ser lido “tirarás”).

Voltando ao til, ele não é usado para indicar a nasalização de uma vogal, mas que uma consoante nasal estava em processo de perda. A palavra “alaão” não contém um ditongo, mas um hiato ao final, provocado pela perda do “n” que havia entre o “a” e o “o”.

Transcrição do original

Este dom Diego Lopez era muy boo monteyro, e estando huum dia em sa armada e atemdemdo quamdo verria o porco ouuyo cantar muyta alta voz huuma molher em çima de huuma pena: e el foy pera la e vioa seer muy fermosa e muy bem vistida, e namorousse logo della muy fortemente e preguntoulhe quem era: e ella lhe disse que era huuma molher de muito alto linhagem, e ell lhe disse que pois era molher d’alto linhagem que casaria com ella se ella quisesse, ca elle era senhor naquella terra toda: e ella lhe disse que o faria se lhe prometesse que numca sse santificasse, e elle lho outorgou, e ella foisse logo com elle.

“Este don Diego Lopes era muito bom caçador, e estando um dia em sua companhia de caça e esperando que surgisse um porco (javali), ouviu cantar uma mulher de voz muito forte em cima de um penhasco. Ele foi para lá e viu ser muito formosa e bem vestida e se enamorou logo dela com muita paixão e lhe perguntou quem era. Ela lhe disse que era uma mulher de linhagem muito alta e ele lhe disse que, porque era ela mulher de alta linhagem, se casaria com ela se ela quisesse, que ele era senhor de toda aquela terra. Ela lhe disse que o faria se ele lhe prometesse nunca se santificar, e ele o concedeu, então ela se foi com ele.”

O “porco” a que a lenda se refere é o javali europeu.

E esta dona era muy fermosa e muy bem feita em todo seu corpo saluamdo que auia huum pee forcado como pee de cabra. E viuerom gram tempo e ouueram dous filhos, e huum ouue nome Enheguez Guerra, e a outra foy molher e ouue nome dona. E quando comiam de suum dom Diego Lopez e sa molher assemtaua ell apar de ssy o filho, e ella assemtaua apar de ssy a filha da outra parte.

“Esta dona era muito formosa e muito bem feita em todo seu corpo, salvo que tinha um pé forcado como pé de cabra. E viveram bons tempos e tiveram dois filhos, um teve o nome de Enheguez Guerra e a outra foi mulher e teve nome de dona. Quando comiam juntos, don Diego Lopes e sua mulher, assentava ele ao seu lado o filho e ela assentava ao seu a filha, do outro lado.”

Aqui tenho três dúvidas: 1. Se a Dama tinha ambos os pés forcados ou apenas um. A verdade é que mesmo o texto dizendo que é somente um, há tradições que falam em ambos. No português antigo é muito frequente usar o singular para se referir às mãos e aos pés. Isto ainda existe hoje, de certa forma, pois você tem uma coisa “à mão”, mesmo que a pegue com ambas, e está “de pé”, mesmo que se apoie sobre os dois. 2. O pé forcado me parece ser uma má formação que resulta na junção dos dedos. Não parece que ela tinha dificuldade para caminhar, então isso parece fazer sentido. Mas há quem diga que ela literalmente tinha pés como os de cabra. 3. Não fica claro se Diego e sua mulher se sentavam do mesmo lado da mesa, cada um com um filho ao lado, ou se estavam em lados opostos da mesa. Pela cena a seguir, me parece que ficavam em lados opostos da mesa, mas não tenho certeza.

E huum dia foy elle a seu monte e matou huum porco muy gramde e trouxeo pera sa casa, e poseo ante ssy hu sia comemdo com ssa molher e seus filhos: e lamçarom huum osso da mesa e veerom a pellejar huum alaão e huuma podemga sobrelle em tall maneyra que a podenga trauou ao alaão em a garganta e matouo.

“Um dia ele foi ao seu monte e matou um porco muito grande e o trouxe para sua casa, e o pôs diante de si para comer, com sua mulher e seus filhos. Então lançaram um osso da mesa e viram lutar por ele um alano e uma podenga, e de tal maneira que a podenga travou o alano pela garganta e o matou.”

Alano e podenga são raças de cães. Pelo contexto da história, parece muito inesperado que a podenga mate a um alano, o que dá a entender que seria uma raça menor ou mais mansa.

E dom Diego Lopes quamdo esto uyo teueo por millagre e synousse e disse “samta Maria vall, quem vio numca tall cousa!” E ssa molher quamdo o vyo assy sinar lamçou maão na filha e no filho, e dom Diego Lopez trauou do filho e nom lho quis leixar filhar: e ella rrecudio com a filha por huuma freesta do paaço e foysse pera as montanhas em guisa que a nom virom mais nem a filha.

Quando don Diego Lopes viu isto, teve-o por milagre, persignou-se e disse “Santa Maria valha, que nunca se viu tal coisa!” Quando a sua mulher o viu persignar-se, lançou mão da filha e do filho, mas don Diego Lopes agarrou o filho e não quis deixar que ela o levasse. Ela então retrocedeu com a filha por uma janela do palácio e se foi para as montanhas, de maneira que não a viram mais, e nem à filha.

Depois a cabo de tempo foy este dom Diego Lopez a fazer mall aos mouros, e premderomno e leuaromno pera Tolledo preso. E a seu filho Enheguez Guerra pesaua muito de ssa prisom, e veo fallar com os da terra per que maneyra o poderiam auer fora da prisom. E elles disserom que nom sabiam maneyra por que o podessem aver, saluamdo sse fosse aas montanhas e achasse sa madre, e que ella lhe daria como o tirasse. E ell foy alaa soo em çima de seu cauallo, e achoua em çima de huuma pena: e ella lhe disse “filho Enheguez Guerra, vem a mym ca bem sey eu ao que ueens:” e ell foy pera ella e ella lhe disse “veens a preguntar como tiraras teu padre da prisom.”

“Depois de passado um tempo este don Diego Lopes foi fazer mal aos mouros e o prenderam e levaram preso a Toledo. Seu filho Enheguez Guerra se entristecia muito por essa prisão e veio falar com os terra por que maneira o poderiam trazer da prisão. Eles disseram que não sabiam de maneira pela qual o pudessem trazer, salvo se ele fosse às montanhas e achasse sua mãe, e ela lhe daria como o tirar. Ele foi lá sozinho em cima de seu cavalo e a achou em cima de um penhasco. Ela lhe disse ‘filho Enheguez Guerra, venha até mim porque eu seu muito bem por que vens.’ Ele foi até ela e ela disse ‘vens para perguntar como tirarás teu pai da prisão’.”

A história está ambientada no tempo da guerra contra os mouros, antes da tomada de Toledo pelos cristãos (que foi em 1085). Isso significa que a história deve ter se passado por volta do século X ou XI (mas, é claro, sabemos que “ter se passado” é boa vontade deste que escreve, o caso é certamente lendário, ou muito modificado para tender a lenda).

Emtom chamou huum cauallo que amdaua solto pello momte que avia nome Pardallo e chamouo per seu nome: e ella meteo huum freo ao cauallo que tiinha, e disselhe que nom fezesse força pollo dessellar nem pollo desemfrear nem por lhe dar de comer nem de beuer nem de ferrar: e disselhe que este cauallo lhe duraria em toda sa vida, e que nunca emtraria em lide que nom vemçesse delle. E disselhe que caualgasse em elle e que o poria em Tolledo ante a porta hu jazia seu padre logo em esse dia, e que ante a porta hu o caualo o posesse que alli deçesse e que acharia seu padre estar em huum curral, e que o filhasse pella maão e fezesse que queria fallar com elle, que o fosse tirando comtra a porta hu estaua ho cauallo, e que desque alli fosse que cauallgasse em o cauallo e que posesse seu padre ante ssy e que ante noite seria em sa terra com seu padre: e assy foy. E depois a cabo de tempo morreo dom Diego Lopez e ficou a terra a seu filho dom Enheguez Guerra.

“Então ela chamou um cavalo que andava solto pelo monte, que tinha o nome de Pardal e o chamou por seu nome. Ela pôs no cavalo um freio que tinha, e lhe disse que não fizesse menção de lhe desecilhar nem desenfrear, nem para lhe dar de comer ou beber, e que não o ferrasse. Ela lhe disse que esse cavalo lhe duraria por toda a sua vida e que ele nunca entraria em lide que não vencesse enquanto o cavalgasse. Disse-lhe para cavalgá-lo, pois ele o levaria a Toledo, diante da porta onde esava o seu pai, ainda naquele dia, e que apeasse do cavalo onde ele parasse, porque ali encontraria seu pai em uma cela de madeira, então ele poderia puxá-lo pela mão, fingindo querer apenas falar com ele, e então o tiraria através da porta onde estava o cavalo. Eles então poderiam cavalgar e voltar para csa antes de anoitcer. Assim aconteceu. Depois de um tempo morreu don Diego Lopes e ficou a terra para seu filho Enheguez Guerra.”

Aspectos léxicos

Conforme prometido, vamos às palavras de sentido peculiar.

“Monteyro”
significa caçador. Deriva de “monte”, porque já na Idade Média as terras baixas estavam ocupadas pela agricultura e as florestas estavam cada vez mais reduzidas às regiões montanhosas.
“Atemder”
significa “esperar”.
“Pena”
Cognata do espanhol “peña”, que significa “rochedo”.
“Namorarse”
significa apenas “afeiçoar-se”, é antepassado de “enamorar-se”.
“Pois”
significa “já que” ou “uma vez que”, no contexto empregado.
“Alaão” e “podemga”
são raças de cães. Era costume, mesmo entre os nobres, comer com cães para jogar-lhes os ossos e, eventualmente, deixar que lambessem a gordura de suas mãos. O inesperado do acontecimento é que o podengo, um cão de caça muito manso, apesar de arisco, tenha ataco e matado um cão de guarda “alano”.
“Filhar”
verbo cognato do nosso atual “filar”, quer dizer “tomar” ou “levar” (que é o que os filadores fazem com o que nos filam, ou “filham”).
“Recudir”
“recuar”
“Freesta”
(do latim “fenestra”) é “janela”.
“Paço”
forma popular de “palácio” (palavra foi reinjetada no português depois, como novo aportuguesamento erudito de “palatium”).
“Em guisa que”
significa “de modo que”.
“Pesar”
significa “ficar triste”.
“Pardallo”
o nome do cavalo significa “pardal”.
“Hu”
significa “onde”.
“Curral”
Não imaginemos que os mouros mantinham dom Diego em um “curral” com o sentido que hoje a palavra tem, mas sim meramente em um cercado ou paliçada (esqueçam essa história de masmorra, castelos eram caros de construir e a maioria das prisões medievais eram simples paliçadas).
“Jazer”
Dom Diego “jazia” lá, mas não estava morto, visto que a palavra não tinha ainda o sentido fúnebre de hoje.

Uma observação importante diz respeito aos sobrenomes. Notem que eles não existiam. O pai se chama “Diego Lopes” (provavelmente porque seu pai era um tal Lopo), mas o filho se chama “Enheguez Guerra” (provavelmente por ser famoso no combate). Os “sobrenomes” medievais são apelidos, não tem conotação familiar ainda. As famílias nobres ainda não haviam adotado o costume de identificar-se pelo nome da vila ou feudo onde tinham propriedade, e as famílias plebeias não tinham grande necessidade de identificar-se.

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