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by J. G. Gouvêa

13 Razões Pelas Quaes a Orthographia Etymológica Não Deveria Ter Sido Abolida

Publicado em: 01/01/2015

A lingua escripta, nos ensina Marcos Bagno,1 não eh de facto a lingua em si, mas uma idealização da lingua falada em determinado momento de sua história. Idealização posto que os grammaticos não apenas documentarão a lingua conforme a estudão, mas, também, vão introduzir inovações, regularizações, simplificações e, também, lamentavelmente, complicações.

Eh necessario que a lingua escripta evolua, para que a distancia entre ela e os diversos falares do povo não se torne tão grande que tenhamos uma situação de diglossia. Esta evolução, porém, deve ser natural, não só para que não se rompa a continuidade evolutiva do idioma, mas também porque tentativas de reforma linguistica de cima para baixo, de forma impositiva, estão fadadas ao fracasso. Eh meu entendimento que a adopção de uma orthographia dita “simplificada”, em Portugal a partir de 1910 e no Brazil a partir de 1946, não foi um fator significativo para melhorar a proficiencia dos cidadãos de ambos os paizes em seu vernaculo. A melhora que efectivamente houve, deveu-se mais ao crescimento dos investimentos em educação, que teriam sido feitos de qualquer maneira.

Neste artigo pretendo demonstrar que:

  1. A orthographia etymológica nunca foi tão difficil quanto seus detractores a fizeram parecer
  2. A orthographia simplificada, se bem que efetivamente simplificou a graphia de certas palavras, introduziu problemas novos, para os quaes a antiga norma já tinha soluções simples.
  3. O uso da orthographia etymológica seria util para facilitar o acesso ás litteraturas ingleza e franceza, além dos antigos textos latinos.
  4. Escripto na norma etymológica o portuguez se parece mais a uma lingua internacional e sofreria menos resistencia de estudantes estrangeiros.

Como parte desta demonstração, este texto vae todo escripto conforme convenções etymológicas, com alguns modernismos necessarios dado o tempo transcorrido entre 1946 e hoje, eis que não pretendo escrever archaicamente, mas escrever a lingua de hoje conforme as normas de antigamente.

A Orthographia Etymológica Foi Producto de Evolução Gradual

A lingua portugueza atravessou cinco periodos principaes em sua história:

Romance
Caracterizado pela ausencia de escripta, pois os documentos formais eram em latim. O pouco que se sabe desta epocha eh através de interpolações (palavras vulgares que os escriptores empregavão por engano)
Medieval
Caracterizado pela ausencia de normas orthographicas, cada autor escrevia conforme sua preferencia, o que causava a existencia de diversas formas para a mesma palavra, conforme os valores phoneticos das lettras nos diversos dialectos, sua mudança através dos annos e a tentativa de imitação de textos antigos.
Renascentista
Caracterizado pelo surgimento de certos padrões de escripta, a partir do costume. Novos autores tendem a imitar a forma como os antigos escreviam. Entre os formadores das convenções, destaca-se o poeta Sá de Miranda.
Clássico
Caracterizado pela padronização da escripta do portuguez, inicia-se no seculo XVII, quando se publicam as primeiras grammaticas. Rapidamente são identificadas as origens das palavras e estabelecidos os principios etymologicos da escrita, seguindo uma inspiração do francez e do inglez, mas também do alemão e do latim.
Moderno
A partir do início do seculo XX, philologos e escriptores rejeitam a orthographia etymológica (os primeiros muito antes dos segundos) e a denunciam como desnecessariamente complicada. Portugal reforma a orthographia em 1910, unilateralmente, mas não é seguido pelo Brazil, por razões políticas, interrompendo a possibilidade de editar-se livros em um paiz e vendel-os no outro. Em 1946 o Brazil faz sua propria reforma, mas adopta muitas graphias divergentes, que ainda impossibilitam o intercambio editorial. Em 1967 a dictadura militar brazileira faz a assim apellidada “Reforma Remington”, com o objectivo de simplesmente reduzir o emprego de accentos graphicos e digraphos para facilitar a dactylographia. Esta reforma não foi baseada em estudos philologicos serios, mas no voluntarismo de um regime autoritario. Em 1990, Brazil e Portugal, com pequena participação de Angola, principal paiz da África interessado em cultivar o portuguez, chegaram a um Acordo Orthographico, que deveria ter entrado em vigor no anno 2000, mas ainda não foi ractificado por nenhum dos paizes envolvidos.

Sua Abolição Foi Resultante de Factores Politicos e Economicos, Não Cientificos.

A orthographia etymológica não foi o resultado de um trabalho de comité, mas o producto de seculos de pesquisas e mudanças, derivando da cooperação de inumeros autores, philologos, grammaticos e politicos. Ela poderia ter seguido sua evolução gradualmente, removendo-se o que estivesse exagerado, sem necessariamente nos amputar a continuidade historica da lingua portugueza.

Mas, conforme Monteiro Lobato, um dos proponentes da abolição da norma etymológica, haveria tres principaes argumentos pela abolição da norma etymológica:

  1. Rompimento com a tradição em nome da modernidade.
  2. Restabelecimento do intercambio editorial com Portugal.
  3. Simplificação – o “principal motivo”.

O rompimento com a tradição é um argumento fallacioso (argumentum ad novitatem), pois as coisas novas não são necessariamente melhores que as já existentes. Perseguir a inovação pela inovação pode ser, de facto, um obstaculo ao desenvolvimento da cultura nacional. Diversas são as linguas que nunca tiveram reformas orthographicas, ou as tiveram de forma bastante superficial – e taes linguas não se tornaram piores ou melhores do que o portuguez por causa disso. Entre as que não fizeram reforma alguma, destacam-se o inglez, o francez e o polonez. Entre as que só fizeram reformas superficiaes, o alemão, o holandez, o sueco, o dinamarquez, o japonez e o checo.

Cabe lembrar aqui que a introducção de reformas profundas e subitas faz parte do arsenal de medidas “modernizantes” proposto por regimes autoritarios, como se verifica quando enumeramos as linguas que fizerão as mais profundas reformas orthographicas no seculo XX. O russo adoptou suas reformas (abolindo dez lettras e modifficando o valor phonetico de outras) sob a tutela do Comissariado do Povo para a Educação, da URSS. O turco mudou seu alphabeto por vontade da dictadura de Atatürk. O romeno mudou o alphabeto e também boa parte do vocabulario sob uma serie de governos monarchicos autocraticos. O chinez adoptou caracteres simplificados por imposição da “Revolução Cultural” de Mao Zedong. O unico exemplo de reforma linguistica adoptada por uma democracia é o do grego, logo após a queda do “Regimen dos Coroneis”, mas o caso grego é muito especifico, visto que a monarchia (e a posterior dictadura) impunham ao povo não só uma escripta archaica (grego polytonico), mas também uma lingua que já não se falava mais (katharrevousa, baseado no grego bizantino medieval). Este caso nada tem a ver com a situação do portuguez, pois a orthographia etymológica não impunha um padrão archaizante para a lingua em si.

A questão do restabelecimento do intercambio editorial com Portugal reflete um “fait accompli” e eh resultado pura e simplesmente do pragmatismo (e dos interesses comerciaes de Lobato, que era editor). Não nos diz nada sobre a superioridade da orthographia simplificada, mas sobre a conveniencia de haver uma orthographia unica nos dois lados do Atlantico.

A questão da simplificação estamos abordando de forma mais ampla neste artigo e se baseia na ideia de que a orthographia etymológica é “muito mais difícil”, conforme Lobato põe na boca da Emília:

Talvez tenha até carradas de razão. Entretanto, ignora a maçada que é para as crianças estarem decorando [1], um por um, o modo de se escreverem as palavras pelo sistema antigo. Os velhos Carrancas[2] é natural que estejam do seu lado, porque já aprenderam pelo sistema antigo e têm preguiça de mudar;[3] mas as crianças estão aprendendo agora e não há razão para que aprendam pelo sistema velho, [4] muito mais difícil.[5] Eu falo aqui em nome da criançada. Queremos a Ortografia Nova porque ela nos facilita a vida.[6] Quanto menos complicações, melhor. Por isso vim cá conversar com as palavras para conhecer-lhes a opiniãozinha.2

É inegavel a quantidade absurdas que Lobato comete nesta curta fala da Emília.

  1. Este é um ataque ao systema pedagogico de então, baseado na decoreba, muito mais do que á orthographia etymológica.
  2. Ataque pessoal (argumentum ad hominem) do tipo abusivo: se você defende a orthographia etymológica eh um “velho carrança.”
  3. Ataque pessoal baseado na fallacia do apelo á novidade: se você não quer mudar eh porque tem preguiça de mudar.
  4. Apelo á novidade: as crianças devem aprender uma lingua nova.
  5. O autor afirma como verdadeira a sua percepção de que a orthographia etymológica eh mais difícil (evidencia anedotica).
  6. A ortographia simplificada facilitará a vida dos jovens: non sequitur, pois as difficuldades dos jovens não são todas por causa da orthographia, mas principalmente por causa do systema de ensino de então.

Tal campanha de descredito resultou finalmente na abolição da orthographia etymológica, mas o systema “simplificado” que se adoptou era tão nitidamente inferior que teve de ser “reformado” ele próprio não uma, mas duas vezes (vale lembrar que a “simplificação” portugueza foi pouco menos radical que a nossa).

A Simplificação Causou Regressões

A reforma, tal como feita, inegavelmente simplificou a graphia de muitas palavras, como sceptro e sabbado, mas criou uma serie de complicações antes inexistentes, tais como palavras de pronuncia muito diferente, distinguidas por um minusculo acento, quando antes o erão por lettras (paiz e paes se tornarão “país” e “pais”) e uma quantidade de palavras que ficarão parecidas com formas pluraes, sem sel-o: “lápis” em vez de “lápiz”, por exemplo.

A Simplificação nos Afasta das Principaes Linguas Europeias

O portuguez se tornou uma lingua mais isolada, cuja orthographia não segue principios adoptados pelas linguas mais faladas no mundo. Isto cria difficuldades para os estudantes aprenderem idiomas importantes, como francez, inglez, alemão e holandez.

Isto resulta, também, em uma maior difficuldade para adequar o portuguez a novos vocabulos necessariamente importados desta lingua, verifique-se por exemplo a curiosa situação do substantivo character que, ipsis litteris, significa, em inglez, simultaneamente uma personalidade (“pessoa de bom character”) e simbolo graphico integrante de um sistema de escripta (“characteres chineses”). Da simplificação resulta o facto de que os traductores se contorcem para usar este substantivo exclusivamente no plural (“linha de 72 caracteres”) enquanto evitam o seu singular, pelo estranhamento que lhes causa (“caractere” não soa bem e “caráter” é outra coisa).

A Simplificação nos Afasta de Nossa história

A simplificação representou uma ruptura na continuidade da evolução da lingua portugueza: muitas literaturas sobrevivem ha seculos sem efectuarem reformas orthographicas exatamente para evitar isto (francez, inglez, hollandez, hespanhol, islandes).

De repente, por vontade de um grupo de pessoas, tomou-se de cima para baixo uma decisão que lançou á obsolescencia bibliothecas inteiras e tornou a leitura de obras antigas mais difficil para os jovens que aprendem a forma simplificada. Este efeito eh semelhante ao ocorrido na China, onde os jovens de hoje não conseguem mais ler os textos publicados antes de 1967.

Accentos, Accentos Everywhere!

Se é verdade que a orthographia etymológica empregava uma maior quantidade de digraphos, eh também verdadeiro que a “simplificada” enfiou accentos graphicos em um numero pavoroso de palavras. Tais acentos não apenas devem ser usados conforme varias regras (“simples”) e dezenas de casos especiaes, mas também tornam mais trabalhosa a digitação dos documentos (tal problema eh tão real que se fez a “Reforma Remington” para minoral-o).

A Simplificação Difficulta o Entendimento de Cognatos

Ainda que pronunciadas de forma ligeiramente diferente (o que é em parte resultante de divergencias dialectais e em parte resultado da influencia reversa da escripta sobre o falar) há palavras que são cognatas por sua origem e a orthographia simplificada mascara isto, impedindo que os leitores percebam esta relação. Citamos os exemplos:

  1. Character, characteristica.
  2. Excepção, excepcional.
  3. Secção, insecto, seccionar, secta.
  4. Rhythma, arrythmia, rhythmo.

A Simplificação Difficulta o Entendimento de Conjugações Verbaes

Refiro-me aqui á questão dos objectos indirectos, por causa da alteração da practica etymológica de isolar o pronome, criando-se, assim, de uma “canetada”, toda uma classe de novos pseudopronomes. Se antes se escrevia “quero dizel-o”, agora temos de escrever “quero dizê-lo”, uma forma inteiramente artificial, visto que o pronome “lo” não é empregado em portuguez em nenhum outro contexto.

Um Accento Eh Mais Lento Para Digitar do que uma Lettra

A abolição representou, também, uma regressão se considerarmos a evolução tecnológica posterior, indo em direção oposta á das invenções humanas. A orthographia etymológica, por utilizar menos accentos, seria mais propria para a escripta electronica. Assim, a simplificação, em vez de preparar-nos para o futuro, prejudicou-nos diante dele.

Cada accento adicionado a uma palavra equivale a dois toques: um para a tecla <shift> e outro para o accento. Uma lettra adicional equivale a apenas um toque. Digitar uma palavra monossilaba accentuada requer o mesmo esforço de digitar uma palavra de tres lettras.

Ocorre que a orthographia etymológica empregava um numero muito menor de accentos (não se accentuavam as proparoxitonas, por exemplo), compensando amplamente as lettras adiccionaes encontradas em algumas palavras.

Lettras São Mais Visiveis que Accentos

Numerosas vezes pessoas de visão falha ou que estejam a ler com pressa podem não perceber a presença de um accento, especialmente o accento agudo, que em algumas fontes eh muito tenue. Um texto em orthographia etymológica eh, assim, mais facil de ler, pois os accentos não são tão essenciaes á comprehensão.

A Simplificação Destruiu a Philologia da Lingua Tupy

Sob o argumento ignorante de que os indios não tinhão lingua escripta e, portanto, “não há razão nenhuma para vocês andarem a fingir-se de gregas usando esse Y”, Lobato atacou a adopção não somente do “Y”, mas de outras convenções graphicas para termos de origem tupy.

Ocorre que a adopção destas convenções não era para que os indios se fingissem de gregos, mas para permitir ao leitor discernir a formação dos vocabulos (além de que, originalmente, o “Y” tinha uma pronuncia differente do “I” e do “U”). Na orthographia etymológica eh facil saber que Iracema não eh o nome de um rio mas que Ypiranga certamente o é.

A remoção destas differenciações contribuiu para difficultar o contacto das pessoas com as raizes indigenas que são tão comuns em nossa língua, o que aumento nosso desenraizamento em relação á nossa cultura.

A Simplificação Atinge Relativamente Poucas Palavras

A quantidade de palavras com digraphos ou lettras dobradas (que foram “simplificadas”) é muito menor do que a quantidade de palavras que receberam accentos. O facto de que até hoje a maioria dos falantes de portuguez tem difficuldade para accentuar correctamente as palavras sugere que a simplificação não atingiu seu objectivo de aproximar a lingua do povo.

Este texto foi integralmente digitado em orthographia etymológica a fim de ser analisado nestes termos, com o objectivo de demonstrar que houve maior quantidade de palavras que receberão acento do que houve palavras de que foram removidos digraphos – mesmo comparando com as normas orthographicas simplificadas que deverião já estar em vigor

Até o paragrapho acima, tivemos 119 palavras com lettras dobradas, digraphos ou lettras mudas e 149 palavras que recebem accentos na orthographia actual (e não o recebiam na etymológica), das quaes 106não continham na orthographia etymológica nem lettras dobradas, nem digraphos e nem lettras mudas. Não abordamos palavras cuja orthographia simplesmente mudou, sem que fossem removidas lettras (caso de “etymologia”, “tupy” ou “quaes”).

É uma conta simples a se fazer. Com uma média de 1,2 digraphos por palavra, a orthographia simplificada nos permite economizar 143 characteres ao passo em que nos acrescenta 298 toques. Desses 298 toques podemos subtrair somente a diffeerença entre 149 palavras accentuadas e 106 que não continhão accentos na orthographia etymológica (o que resulta em cerca de 50 characteres). Portanto, o texto, até aquelle paragrapho, tem 248 toques adicionais se “simplificado”.

Agora imaginemos quão mais difícil era a orthographia simplificada no tempo em que havia o accento grave nas syllabas subtonicas (“fàcilmente”) e os accentos differenciaes de timbre (amôr, cêdo).

Seria realmente mais difficil aos jovens aprehender algumas poucas palavras com lettras dobradas ou digraphos (estes sempre previsiveis) ou acostumar-se a esta verdadeira floresta de diacriticos?

Os Principios da Orthographia Etymológica Não São Artificiaes

Uma das principaes críticas feitas á orthographia etymológica era tachal-a de pseudoetymológica por “ignorar as mudanças naturaes da lingua”, mas esta critica é injusta, porque a orthographia etymológica não necessariamente pretendia engessar o desenvolvimento do idioma (alguns grammaticos, sim), mas documentar na melhor medida do possivel as relações entre os vocabulos, considerando também suas origens.

Claro, havia excepções exageradas, como “phthysica”, mas nesses casos era melhor usar outra palavra (como efetivamente se fez, pois esta doença é hoje chamada de “tuberculose”) ou fazer uma simplificação pontual, ou simplesmente conviver com a monstruosidade (afinal, quantas pessoas precisam escrever “sceptro” no dia a dia?).

A validade do principio etymologico estava justamente em desconsiderar variações dialectais (as famosas lettras “mudas” não o eram em todos os falares do Brazil e de Portugal, e não se deveria fazer uma reforma orthographica com base no falar de uma ou duas cidades apenas). Em vez de seguir servilmente uma pronuncia regional especifica, a orthographia etymológica seguia o origem da palavra, respeitando suas conexões (como nos citados exemplos cognatos).

Isto não é ser artificial, é ser neutro. Artificial é forçar uma nova forma de escripta para verbos transitivos indirectos que resulta na criação de um pseudopronome pessoal que não se usa em nenhum outro lugar.

Conclusão

A abolição da orthographia etymológica, ainda que alinhada a outros episodios de planeamento linguistico ocorridos no seculo XX, foi um grande equivoco, que ate hoje nos penaliza cultural e educacionalmente.


  1. BAGNO, Marcos. “Preconceito Linguístico: O que é, como se faz”. Ed. Loyola.↩︎

  2. LOBATO, J. B. Monteiro. “Emília no País da Gramática”.↩︎

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