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by J. G. Gouvêa Atualizado em date: 2021-05-05

Do Que Têm Medo as Editoras e Gráficas?

Publicado em: 12/01/2009

Esta é uma boa pergunta a se fazer. Estou há semanas procurando uma editora brasileira que se digne a fazer um simples orçamento on-line e não encontrei. Todas, sem exceção, enviaram o orçamento em privado após coletarem os dados no site ou então exigirão que o pedido de orçamento seja enviado por correio eletrônico. Talvez uma razão para isso seja que simplesmente todas elas trabalham com exatamente o mesmo tipo de serviço e os mesmos preços médios. Até agora todas as editoras e gráficas que contactem impõem ao futuro autor pelo menos quatro das restrições a seguir listadas:

Diante desse quadro, não vejo nenhuma alternativa para autores que desejem fazer pequenas tiragens ou imprimir livros individuais: o mercado no Brasil está fechado para eles. Enquanto isso, você tem no exterior centenas de empresas que fazem exatamente o que as nossas se recusam a fazer: imprimir livros sob demanda para quem pagar.

A seguir uma lista de empresas que trabalham com impressão sob demanda no mundo:

Com tantas opções (obtidas em uma rápida busca no Google) é espantoso que nenhuma empresa do gênero ainda exista no Brasil.

Dentre estes serviços, o único que eu realmente experimentei foi o Lulu.com, que, no entanto, agora se tornou inviável devido à alta do dólar e ao aumento do preço do frete. No Brasil, infelizmente não existe nenhuma empresa que trabalhe nos mesmos termos.

Além de serem poucas as que trabalham com impressão sob demanda, o seu modelo de negócio é muito tradicional, em nada parecido com a flexibilidade dos serviços estrangeiros. Na Lulu.com você está no controle total. Através do próprio site você envia o material, diagrama, descobre o preço na hora, decide sua margem de lucro e expõe para venda. Não sei de nenhum serviço EM TODA A AMÉRICA LATINA que faça alguma coisa assim, se bem que, neste exato momento, estou em contato com uma gráfica carioca que está querendo se tornar a “Lulu brasileira”. Espero que consiga.

Não quero que as gráficas brasileiras cheguem a fazer tudo que Lulu.com faz. Me bastaria que elas permitissem orçamentos diretos via internet. Mesmo que não fosse um aplicativo sofisticado como o da Lulu.com, que calcula até mesmo a largura da lombada e dá o preço com precisão de centavos. Uma simples tabela de referência bastaria.

No entanto, nossas empresas de impressão sob demanda ainda estão presas no modelo de loja de porta para a rua e querem que você faça um contato pessoal, para que tentem lhe vender o produto. Suspeito que fazem isso para terem como pressionar você a fechar negócio mesmo que ache o preço ruim.

Todas querem que você envie uma mensagem eletrônica para ter um orçamento. Até aí tudo bem, para ter o preço final você envia o seu material e espera o seu orçamento. Mas custava uma tabela de referência? Ou melhor, custava reduzir o tráfego de correio eletrônico colocando uma tabela de referência?

Metade do sucesso da Lulu.com é porque ela trabalha o lado aventureiro do escritor, o “faça você mesmo” que caracteriza os self-made men.

Gráficas não decidem preços no olhômetro. Elas tem tabelas de custos. Estão lá para os funcionários fazerem as contas. Custa muito publicar? Ou os preços são tão assustadoramente altos a ponto de terem que ser escondidos? (Referência)

É claro que o preço de uma impressão por demanda é superior ao preço de uma impressão tradicional. Mas, como já expliquei, o público desse serviço não é o mesmo público da impressão tradicional. Portanto, para serviços diferentes a públicos diferentes, é natural que haja preços diferentes.

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