Todo mundo deve ter o direito de viver anestesiado da dor de viver, se quiser. Talvez o que falte é mostrar para essa gente que anestesia não cura e que expansão de uma mente vazia apenas aumenta o vácuo que deveria ter sido preenchido com… uma vida.
É um tremendo desperdício ocupar com drogas (lícitas ou ilícitas) espaços produtivos, vidas produtivas. Mas também é um tremendo desperdício ocupar com sexo, com amor, com passeios no parque levando o filho pela mão. Muitas são as coisas inúteis que são absolutamente necessárias, mas todos concordamos que elas precisam ser controladas. Não sei de ninguém que teve câncer por causa de poesia, de nenhuma carreira arruinada por amor paterno. Mas sei de vidas destruídas por apenas terem sido amortecidas por diversos tipos de “atenuantes”: álcool, LSD, maconha, chocolate, ambição.
Há inúmeras formas de se destruir uma vida, e para muitos a destruição está lá, mesmo que estejam produzindo peças e batendo seus cartões de ponto. Tem muito cadáver produtivo nessa sociedade mecânica.
Por isso eu simplesmente não sei o que dizer. Há momentos em que é necessário destruir a aldeia para salvá-la. Louco esse Vietnã da vida que vivemos.