Letras Elétricas
Textões e ficções. Tretas e caretas. Histórias e tramóias.
by J. G. Gouvêa

Humilde é o rei nu

Publicado em: 02/11/2010

Eu acho engraçada a acusação de falta de humildade: ela geralmente é feita por pessoas que não tem absolutamente nenhuma.

Eu nunca disse que sou um dos novos talentos da literatura brasileira.

Tampouco reivindiquei a capacidade de identificar quais seriam tais talentos.

No entanto, alguém aparece no Orkut divulgando «os seis» (ou seja, não há outros) talentos novos da literatura brasileira, apresentando-os como se tivesse capacidade de julgar o valor de suas obras.

Tal pessoa demonstra pouco domínio do idioma e apresenta autores de um mesmo nicho de mercado, obviamente derivativo do que há de mais raso e comercial na literatura anglo-americana.

Daí eu provoco.

E é a mim que falta humildade.

Sou eu que tenho o meu filme queimado.

Achar que é capaz de identificar «os seis» talentos novos da literatura nacional está certo.

Não perceber que esta frase desastrada nega o talento de todos os outros autores brasileiros está certo também.

Comentar tais textos tentando convencer-nos de que são geniais, mesmo que o comentarista mostre pouco domínio do vernáculo, não tem nenhum problema.

Mas questionar os critérios da escolha dos seis não é uma postura humilde.

A criança que grita “o rei está nu” não é humilde.

Humilde é o rei nu.

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