É porque as pessoas que adquiriram alguma experiência na escrita conservam o direito de gostar e deixar de gostar, com a única diferença que obtiveram a capacidade de explicar porque. Algumas pessoas ouvem estas opiniões e se ofendem, o que é uma tolice. Haver pensamentos diferentes é normal. Você será criticado, você enfrentará a indiferença e até a hostilidade ao longo da vida. Estes alguns que se sentem ofendidos com as críticas de quem pensa diferente não param a pensar que eles próprios, provavelmente, também criticam o que não gostam. O jovem que se sente ofendido porque lhe apontamos seus erros de português, em outro momento ele diz que certo autor é só um chato. Ambos estão democraticamente exercendo seu direito de opinar. Tanto o que diz algo que lhe deixa ofendido quanto você que não gosta de certo autor.
Falta aqui é o costume da democracia. Todos buscam aplausos e reconhecimento, ninguém quer conviver com visões de mundo diferentes e ninguém está interessado em variar de opiniões. Ainda mais: comportam-se como se o resto do mundo tivesse algum tipo de obrigação moral de lhes dar “motivação” e “reconhecimento.”
Pessoas que extraem motivação de outras pessoas são pessoas espiritualmente doentes. Não precisam de literatura, precisam de um psiquiatra. A busca do reconhecimento é legítima, mas se você não o encontra, isso não quer dizer que o mundo esteja conspirando contra você. É bastante mais provável que você não seja reconhecido porque você não está se esforçando ou porque não tem como se fazer ouvir (o mundo é injusto, baby) — ou, quem sabe, talvez, seu trabalho seja ruim mesmo e você faria melhor em procurar outra coisa para fazer.
Esse “mimimi” sobre comentários que desmotivam reflete apenas a mentalidade de uma geração que foi educada para nunca ouvir não. De minha parte, se você me disser que depende sua motivação de um elogio meu, tenha a certeza de que JAMAIS o darei. Elogios são perigosos, eles podem corromper. Somente se você tem a motivação dentro de si você pode se manter íntegro.
Mas sabemos, eu e você, que a maioria dos jovens autores não pensa em integridade, mas em dinheiro, e venderiam um rim se fosse preciso, que diremos de sua consciência.