A pomba pousou no teto do casebre que o artista tentava desenhar. Ele agitou os braços na direção dela, como se quisesse estapeá-la, mas em vão, e logo se conformou que não conseguiria proibir pássaro nenhum de pousar nos tetos para descansar de suas aventuras. Então pegou e comeu uma das batatas cozidas que ainda restavam no prato do almoço que mal tocara. Quando olhou de volta, havia outra pomba pousada ao lado da outra e então desejou apagar toda pomba de cada teto. Começou a recolher os lápis e carvões, desejando que a manhã seguinte fosse sem pombas no mundo. Enquanto se afastava, um fotógrafo que por ali passava tirou uma foto das mesmas pombas enquanto uma bicava a outra à altura do peito. Esta foto ele vendeu a uma gráfica que imprimia cartões. No mês seguinte, um jovem amante comprou um cartão de namorados para a sua noiva, um cartão que tinha a foto de duas pombas no teto sujo de um casebre em uma viela pobre. A noiva, ao ver aquela imagem, achou graça e se perguntou por que seu jovem amado nunca desenhava nada parecido.
Ora, Pombas!
Publicado em: 26/08/2016
Arquivado em:
minicontos