Fiz compras na quinta feira e, por engano, coloquei o alho dentro da geladeira, no compartimento abaixo do congelador. Agora há pouco, procurando onde estava, para preparar o arroz integral que vou congelar para a semana inteira, encontrei o saquinho lá e achei que tinha feito besteira: o alho estava até duro de tão gelado e um dos dentes tinha brotado. Vem cá, alho gosta de clima ultra-frio?
Pois bem, hoje tá frio e eu não tinha tempo para esperar o alho esquentar. Olha aqui a minha cara de quem ia esquentar o alho no fogão. Olha aqui a minha cara de quem acha que isso daria certo. Pois bem, resolvi usar o alho gelado mesmo. Logo ao esbugalhar a primeira cabeça de alho uma coisa estranha aconteceu: a pele de dois dentes rachou e soltou, assim, do nada, e eles, peladinhos, caíram no pilão de socar alho (diga isso bem rapidamente e sem rir, na frente de um padre, para saber se você fai para o céu ou para o inferno).
“Eureka! Acho que descobri alguma coisa” — pensei. Peguei outro, puxei por aquela pontinha e a pele inteira saiu como uma camisinha. Senti-me como quem inventou a viagem no tempo enquanto fazia uma farofa.
“Eu sou foda!” Fui pegando os dentes de alho, um por um, e dando uma torcidinha, e eles, obedientes, caíam descascadinhos no pilãozinho. Foi tão fácil que eu resolvi botar no arroz doze dentes de alho em vez de três. Bem, alho nunca é demais e ainda protege contra vampiros — e esse tipo de proteção me parece muito útil no Brasil de hoje.
Quanto à dica para descascar alho (fale depressa) sem sofrimento e sem ficar com a mão fedendo, de nada.