“Viver é um rasgar-se e remendar-se”. De Guimarães Rosa, constante do Grande Sertão: Veredas, o livro-síntese do Brasil que já não existe. De tanto me rasgar e me remendar eu já sou outro, que apenas se lembra de quem foi um dia.
Esta frase é profundamente existencialista quando você a analisa mais profundamente, pois ela não menciona um objetivo, mas um estado. Você não vive para, você vive a fazer e desfazer. É como se Rosa poeticamente nos dissesse que a vida é um caminho e que o destino não importa. Isto evoca Dylan Thomas, isto evoca Roger Waters, isto evoca Spinoza… isto é uma coisa incrível, e dita em palavras tão simples.