Isto é tudo, p-p-pessoal

Não, não foi o blog que acabou. Foi a publicação em capítulos do romance do William Hope Hodgson, que vinha mantendo religiosamente desde maio. Na última terça-feira, dia 18 de outubro saiu o epílogo (intitulado «Luto») e agora, como diria Mário de Andrade, «tem mais não». Conforme prometido, revisarei o texto todo. Também o formatarei bem bacana e disponibilizarei para quem o queira em seu leitor digital ou na estante. Será um tantinho trabalhoso, porque terei que fazer várias conversões de formato no caminho, mas […]

Novos Céus, Nova Terra

Jesus desceu de seu trono na cidade de Jerusalém, a Nova Jerusalém, noiva de Deus, calçou as suas antigas sandálias de pescador galileu e saiu pelas ruas pavimentadas de jaspe e ônix, ocultando sua glória em um manto de humildade. Por toda a cidade reinava um estranho clima de eterna festa, e todos os seus cidadãos iam vestidos à mesma maneira, com idênticos cortes de cabelo. Todos levavam nos seus rostos uniformizados sorrisos muito limpos, de dentes muito alvos. Não havia nenhuma imundície no chão […]

Não Vamos às Estrelas, Baby…

Há anos um parágrafo escrito por Howard Phillips Lovecraft não me sai da cabeça. Já o devo ter traduzido uma dezena de vezes, para postar em duas ou três dezenas de lugares. Aqui vai a décima primeira tradução, como introito deste artigo que, mais uma vez, me alijará de alguns amigos e leitores: A coisa mais misericordiosa no mundo, creio, é a incapacidade da mente humana para interligar todos os seus conhecimentos. Vivemos em uma plácida ilha de ignorância em meio aos mares negros do […]

Morros Pelados, Corações Ressecados

Hoje estive visitando o sítio de meu pai, em Itamarati de Minas. A viagem foi deprimente, não só porque meu velho não anda muito bem de saúde, mas também porque a natureza não está. Dói-me ver tantos morros pelados, a terra exausta de sucessivos incêndios e descuido, revelando-se como derme escarificada, vermelha entre os tufos secos de capim. Dói-me ver tantos topos de morros calvos pela ação estúpida do homem, que hoje pensa em depredar rapidamente antes que o governo queira proteger, tal como o […]

Epifania — Capítulo 2

Este texto continua a história iniciada em janeiro, aqui. A reunião dos tripulantes durou preciosas horas, durante as quais Kenji permaneceu mais alerta às vaguidões do espaço — com seus perigos e desejos — do que aos sons contraditórios emitidos pelos aparelhos fonadores de tantos humanos confusos. Ouvir aquela algaravia não trazia-lhe nenhuma informação definida, diferentemente do vácuo, onde podia ver a dança dos planetas daquele sistema tão calmo, tão semelhante e ao mesmo tempo tão diferente em relação a um distante outro, que somente […]

Coisas de Minha Terra

Apontamentos avulsos e incompletos encontrados datilografados sobre o verso de páginas contendo alguns poemas. Tanto os poemas quanto esses apontamentos haviam desaparecido de minha lembrança. A data (dos poemas) é 1994, a destes apontamentos deve ser um pouco depois (um ano, no máximo). Trata-se aqui do texto mais antigo cuja forma original não tem influência alguma de revisões posteriores. Uma verdadeira relíquia da época em que eu ainda estava aprendendo a tentar escrever. Mais do que isso, parecem ser apontamentos para um glossário que ficaria […]

O Mundo Fantástico de Howard Phillips Lovecraft

Edição independente de uma coletânea de algumas das obras mais significativas do mestre americano do horror cósmico. Participei com as traduções de cinco contos: A Busca de Iranon, Um Sussurro nas Trevas, O Inominável, O Depoimento de Randolph Carter e O Habitante das Trevas. A Edição da Clock Tower é um projeto ousado, movido apenas pelo trabalho de voluntários (tradução, revisão, ilustração, projeto gráfico, catalogação) e com a proposta de venda a um grupo fechado de compradores, ele dá à luz um volume que deve, […]

Não Acredito em Sorteios

É claro que eu ocasionalmente me arrisco com um bilhete de loteria (geralmente a Mega Sena), afinal não faz mal correr o risco de subitamente ficar milionário. Mas eu nunca aposto mais do que exatamente um bilhete e não tenho hábito de apostar nada mais. Isto é porque eu não acredito em sorteios, bingos, rifas, , milagres, títulos de capitalização ou acasos felizes. Não acredito porque jamais ganhei nada em minha vida. Todas as poucas coisas que tenho eu tive que comprar com dinheiro ganho […]

Sobre Lugares que Deviam Mudar de Nome e Outros que Não

Carlos Drummond de Andrade publicou em 1934 um livro intitulado “Brejo das Almas”, assim chamado em homenagem a um município do norte do estado de Minas Gerais. Os habitantes desse lugar, ingratos, em vez de aceitarem a homenagem do grande poeta, acabaram mudando o nome do lugar, em 1948, para “Francisco Sá” em comemoração a alguém que certamente merece ser comemorado, mas que não tem nem o charme e nem o enigma do nome original, literalmente, que o município recebera ao ser emancipado em 1923. […]