19
abril
há 16 anos
Existe uma certa magia nas grandes, labirínticas cidades e suas ruas. Uma magia que seduz principalmente aos acostumados com os horizontes curtos de Minas Gerais, onde o hábito de contemplar montanhas bloqueia os voos da imaginação de quem não ousa escalar os topos para descortinar uma vista aberta. Certas cidades possuem um ar ainda mais labiríntico e um fascínio ainda mais palpável do que outras porque justamente colocam lado a lado coisas diversas e surpresas inesperadas. Tal é o caso de Juiz de Fora, com […]
30
março
há 16 anos
“Eis que bem sabemos que certas pessoas, menores de idade no caso, são boas na escrita, desenvolvem bons textos. Porém, será que as editoras aceitariam obras destas? Eis a simples questão” — perguntou no Orkut um jovem que acha que escreve os best-sellers do futuro. A questão não é simples, não. As editoras não tem qualquer preconceito específico contra menores de idade: as mesmas dificuldades enfrentadas por um petiz para publicar seu livro serão enfrentadas por um adulto. Mas eu não acredito que seja fácil […]
24
março
há 16 anos
De improviso, a alma lembra algum rastro de um livro que passou pelos sonhos de um dia que senti como outro dia dentro de uma vida que passa de improviso e se arrasta quase livre, mas ainda aqui retida. Na estante do passado existe espaço em um corredor imerso em penumbra, pelas prateleiras pulsam páginas propelidas por pequenos pensamentos e abortos de pensamentos, que caíram antes de serem inseridos em projetos. Cada livro que é largado sem ser lido na biblioteca do profundo esquecimento, cada […]
21
março
há 16 anos
Esse negócio de gramática e ortografia é pedantismo, eu sou escritor, não sou professor de portugues. Se eu comete um erro aqui ou alí, não tem probelma porque auguém vai revisa para mim. Sempre tem alguém para corrijir e vc ficar perdento tempo concertando pekenos erros que comete escreveno te distrai do mais immportante que é faze a históira avança. Não que eu esteja planjeado escreve um livro de oitocentas paginas, não. Meu negócio são mini0contos, mas mesmo em duas páginas de texto dá muito […]
1
março
há 16 anos
Não tomo juízo: prefiro tomar cerveja, ou um caminho diferente. Estou cansado de gente que tem juízo e tudo, que sempre prevejo vão no mesmo caminho e não sabem da cerveja o que faz de bem. Não tomo juízo: tomo o pé do rio e tento o outro lado. Estou cansado de pensar, creio querer sentir. É uma pena que tanta gente precise pensar tanto: para eles é como se o pensar fosse penoso. Penso como respiro e preciso é sentir.
28
fevereiro
há 16 anos
Num mundo em que tamanho é documento (carrão, peitão, sonzão, pancadão, etc.) é paradoxal que em relação à cultura se valorize o oposto (mini-conto, mini-poema, noveleta, músicas de dois ou três minutos, etc.). Dizem que é porque as pessoas hoje “não têm mais tempo” para ler, para ouvir música, enfim, para fazer coisas que não sejam sexo nem necessidades básicas. A moda hoje é a literatura transistorizada: se você pode fazer menor, então isso quer dizer que é melhor. Só que arte não é eletrônica […]
23
fevereiro
há 16 anos
Shaul pensa no buraco negro que se aproxima, interrompe o gole de uísque para pensar nos tentáculos da destruição que se espraiam pelo cosmos em direção à Terra, prestes a engolfá-la em breve. Esse pensamento parece arejar sua mente com uma rajada de lucidez. De repente tudo se revela tão instável, e cada vez mais próximo. — Há muitos anos — confessa a Randall — eu conheci uma garota lá em Minas Gerais. Era uma pobre coitada que vivia com a avó caduca e três irmãos […]
21
fevereiro
há 16 anos
Cenário: um confessionário silencioso. Um bandidão famoso, ligado a um grande empresário, se confessa com um padre. BANDIDÃO: Vossa Eminência precisa me conceder esta graça. PADRE: Não sei, meu filho. É algo difícil. Não sei como avaliar. BANDIDÃO: Por favor, Eminência, é um caso importante. PADRE (consultando um enorme livro e com uma calculadora HP 12C na mão): então vejamos… (minutos depois) BANDIDÃO: Já tem a resposta, Eminência? PADRE: Acho que sim, mas ficaram dúvidas. Serão nove, correto? BANDIDÃO: Nove. Estou pondo dois extras se […]
14
fevereiro
há 16 anos
Em algum momento, em 1995, eu datilografei em uma página de papel-ofício os seguintes versos: O que seria / de minha rebeldia / se eu não fosse um rapaz da burguesia / acometido pelo tédio da escrita / e um diploma superior? Decerto eu estava pensando nas polêmicas de Lobão, artista cuja arte pouco me interessa, mas cuja filosofia sempre me instigou. Acho que se João Luís Wönderbag escrevesse logo o primeiro volume de suas memórias produziria uma obra mais relevante que toda sua música […]
13
fevereiro
há 16 anos
O artigo que motivou esta resposta já não se encontra on-line, apesar do conselho de Tim Berns-Lee, mas eu mantenho aqui o que escrevi porque ainda acredito que seja relevante. Chimbinha me deu de presente seu CD solo, chamado Guitarras que Cantam, hoje uma raridade que deveria ser relançada para os fãs conhecerem suas origens. Era um disco de guitarrada, claramente herdeiro das invenções dos mestres Vieira e Aldo Sena, que foram muito populares em toda a Amazônia no início dos anos 80, antes da […]