Este domingo me ofereceu um desafio literário incomum: minha filha me pediu que lhe ajudasse a escrever uma redação para um concurso. Gabriele tem, aos dez anos, toda a ingenuidade e a fantasia de uma criança que ainda não perdeu a pureza. Ela ainda não conhece quase nada das dificuldades da vida, das frustrações, dessas coisas que nos fazem desperdiçar sorrisos e cabelos com o passar dos anos enquanto vemos esgotarem-se todas as oportunidades que tínhamos sonhado. Por isso ela acha que é possível, da […]
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O Jurado de Carvalho
Semanas depois de protagonizar o terceiro escândalo sucessivo relacionado ao Prêmio Jabuti, o “Jurado C”, o crítico paulista Rodrigo Gurgel, finalmente [deu a sua versão](http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1194742-o-sistema-literario-brasileiro-esta-doente-afirma-jurado-c-do-jabuti.shtml) dos acontecimentos. Foi justo a imprensa dar-lhe voz, depois das semanas que passou sendo [malhado](http://letraseletricas.blog.br/lit/2012/10/e-la-vem-o-jabuti-de-novo) como judas em Sábado de Aleluia. O crítico teve sua oportunidade de dar suas opiniões, justificando-se ou não. Muita coisa ficou esclarecida, mas em outros casos a emenda foi maior estrago que o pé quebrado do soneto. Com a autoridade de ser a nulidade literária que sou, atrevo-me a comentar o que ele disse, mais uma vez me esmerando em meu trabalho de queimar todas as possíveis pontes que me fizessem cruzar o Rubicão literário.
O Poetinha, o Maconheiro e a Ivete
O poetinha desceu do ônibus já suado e despenteado. O óculos empenado na cara, a camisa amassada pela viagem desajeitada, a umidade incomodando por debaixo da roupa, o hálito amargo devido ao nervoso e ao fígado. Bateu no peito para ter certeza de que seu poema, copiado com capricho na velha máquina de escrever, se encontrava ainda intacto. Não estava: tanto suor o amolecera. Retirou-o do bolso e desdobrou com cuidado, quase com lágrimas. O mesmo calor que o molhara não o secaria. Xingou algum […]
E Lá Vem o Jabuti de Novo
E para quem achava que repetição de erros de organização era algo que só acontecia com o ENEM, «coisa do governo» e, portanto, incompetente, eis que, pelo segundo ano consecutivo, lá temos sob questionamento de novo o maior prêmio literário do país, o Jabuti, conferido pela Câmara Brasileira do Livro. Para quem não se lembra, a polêmica do ano passado se deveu ao romance de autoria de Chico Buarque ter sido escolhido «livro do ano» mesmo sem ter sido vencedor em sua categoria. Trocando em […]
Mais um Concurso de que NÃO Participarei
Sempre tive reações indecisas diante de cada concurso literário de que ouvi falar em toda a minha vida. Uma das primeiras coisas que li a respeito de meu poeta favorito, Fernando Pessoa, foi que tirou o segundo lugar no único concurso de poesia de que participou em vida. Eu tinha dezesseis anos quando li isso numa biografia do Poeta. De lá para cá as notícias de concursos que dão errado não param de me perseguir, como a recente polêmica sob a premiação de Chico Buarque […]
Raso, Largo, Estreito, Profundo?
A falta de profundidade é uma necessidade quando se escreve para pôr no Orkut, onde textos mais complexos geram comentários depreciativos de pessoas que os consideram… complexos demais. Felizmente já há um bom tempo em que eu não levo o Orkut tão a sério e brindo-o apenas com meus rascunhos, para talvez detectar pontos potenciais que possam ser melhorados. Cheguei a essa conclusão porque entendi que os leitores daqui não apreciarão o que eu escrevo de jeito nenhum. Nem quando eu estiver dentro do tema, […]
As Núpcias Alquímicas de um Mago e seu Público
Entre as muitas coisas polêmicas que me encasquetam a cabeça a respeito de temas literários reside uma em particular que me tem inquietado muito: o significado de Paulo Coelho para a literatura de um modo geral e para o mercado editorial de forma mais específica. Acredito que o mago tenha se tornado uma personalidade que ninguém pode ignorar, sob pena de ser ignorante. Podemos amá-lo ou odiá-lo, mas não podemos mais fingir que ele não existe. Infelizmente, muita gente finge. E muita coisa não se […]
O Sarau do Valdir
>Texto classificado para a fase final do II Festival Cultural Banco do Brasil — Mulher, não é justo. — O que não é justo, Valdir? — Tinha que chover? Justo hoje, agora!? A mulher deu de ombros, conformada: — Paciência. Marque para outro dia. — Como assim? «Marque para outro dia»? Vendi convites, reservei bar. Não dá para desmarcar em cima da hora e «marcar para outro dia». Vai ser um fiasco. — Então enfrente, homem. — É o que vou fazer. Então Valdir deixou a mulher em casa com as crianças […]
«Amores Mortos»
Terminei agora há pouco a revisão gramatical e ortográfica de meu segundo romance. Amores Mortos é a biografia sentimental de um homem assombrado pelos fantasmas de amores perdidos. Por exigência das regras do concurso em que o inscreverei hoje, dia 30, ele está digitado em 221 páginas de A4, com fonte Times New Roman tamanho 12 e espaçamento duplo entre linhas. O processo de criação de Amores Mortos foi bem menos complicado do que o de Praia do Sossego, a minha primeira obra do gênero. […]