Letras Elétricas
Textões e ficções. Tretas e caretas. Histórias e tramóias.
by J. G. Gouvêa

A Geração do “Foda-se”

Publicado em: 17/04/2017

Comentário lido em uma rede social a respeito dos médicos capixabas que tiraram fotos de calças arriadas e fazendo gestos obscenos e publicaram na Internet: FODA-SE o trauma que isso desperta em alguem…

Minha reação a este comentário inacreditável foi esta:

Esse pensamento pode até ser aceitável na boca de uma pessoa qualquer, mas nunca na cabeça ou na boca de um médico.

Um profissional de saúde é alguém que deve possuir e demonstrar três coisas que você, por esta frase, demonstrou nem saber o que é sensibilidade, ética ou responsabilidade.

Sensibilidade significa que o profissional de saúde não deve fazer publicamente nada que possa causar desconforto aos paciente.

Ética significa (entre outras coisas) que o profissional de saúde não deve fazer nada que cause prejuízos ao paciente.

Responsabilidade significa que o profissional de saúde não pode agir de forma unilateral, sem pensar nas consequências de seus atos.

Aliás, nenhum adulto deveria agir assim.

Eu sou do tempo em que a marca da idade adulta era quando você, supostamente, passava a agir com responsabilidade.

Hoje em dia, infelizmente, parece que se almeja ao direito da eterna irresponsabilidade. O direito ao foda-se.

Ser responsável é ser “quadrado”, é ser “bitolado”. Para ser livre você deve ser irresponsável.

E foda-se quem achar que você está errado.

O tenho a lhe dizer é que você é parte do que está errado nesse país.

A imaturidade dos adultos ainda nos custa muito. A superficialidade de gente que não pensa em consequências do que faz. Que não enxerga ninguém além de si mesmo e do próprio desejo de ser livre e de fazer o que quer.

Você, cara, não é um adulto, homem. Você é um Peter Pan por dentro. Um meninão que criou barba e aprendeu a transar (supostamente), mas ainda age como aquele moleque espinhento de treze anos que amarrava bombinha no rabo do gato e subia no basculante do banheiro da escola para ver as meninas.

Quando você vai crescer e pensar nos outros?

Quando você começará a pensar no velho ditado segundo o qual “quem diz o que quer, ouve o que não quer.”

Responsabilidade, cara.

É hora de crescer.

Agir como homem, não mais como o moleque.

Arquivado em: crônicas