“A Vinda do Verme Branco” (The Coming of the White Worm) é um conto de aproximadamente sete mil palavras publicado em abril de 1941, na revista Stirring Science Fictions. É um dos poucos textos de ficção publicados por Ashton-Smith após a morte de H. P. Lovecraft, seu mentor e amigo por correspondência.
Nesta segunda fase, Ashton-Smith passa a exercer mais liberdade na estruturação de suas histórias, abordando sem receios temas que teriam escandalizado seu círculo de amigos. Nesta história, em especial, que é considerada como o “fecho” de sua fase mais clássica de ficção fantástica, o autor desenvolve uma história ambientada em Mhu Thulan, um país localizado no continente da Hiperbórea. Este foi um cenário também frequentado por H. P. Lovecraft (“Polaris”, “A Desgraça que Recaiu sobre Sarnath”) e Robert E. Howard (histórias de Conan). O herói da história é o mago Evagh, que vive em um castelo próximo a uma vila de pescadores na costa de Mhu Thulan. No início da Idade do Gelo, Evagh é recrutado, muito a contragosto, para servir a uma entidade chamada Rlim Shaikorth, proveniente de outra dimensão. Este ser, desde o início malévolo e destruidor, logo se revela muito pior do que o próprio Evagh imaginava, e ele passa a buscar um meio de se vingar da terrível “morte branca” que ele impõe ao continente hiperbóreo.
Diferentemente da maioria dos protagonistas das histórias de Ashton-Smith, Evagh é um herói do tipo clássico, para o qual nós quase podemos torcer. Mantém um bom relacionamento com os pescadores e inclusive tenta ajudá-los no começo da história, sem pedir nada em troca. Desde o começo resiste, como pode, ao poder incomensurável de Rlim Shaikorth e nunca cessa de buscar detê-lo, embora seu poder seja ínfimo diante do da criatura. Disposto a enfrentar incríveis perigos para salvar o resto do mundo, depois que sua amada Mhu Thulan está condenada, Evagh consegue a simpatia do leitor do começo ao fim da história.
Esta é também uma história que neutraliza o aspecto maligno do mythos lovecraftiano (e por isso muitos leitores fãs deste autor torcerão seriamente o nariz), como se poderá notar ao final.
Eis a série de partes em que a estou dividindo, apenas para facilitar a leitura (e também potencializar os clicks no AdSense)…
Capítulo IX do Livro de Eibon
Traduzido do francês arcaico a partir do manuscrito de Gaspard du Nord.