Dei-me conta hoje de que “Os Meninos do Brasil” (que eu acabei de ler em três ou quatro prazerosas horas de distração) foi o primeiro livro que eu li desde maio de 2004!
A surpresa decorre do fato de eu ter sido sempre um leitor voraz de todo tipo de literatura, especialmente romances, obras históricas, livros de referência geral e jornalismo. Quando estive cursando os últimos quatro anos do primário (hoje Ensino Fundamental) me lembro de ter lido mais da metade da biblioteca de minha escola. Mesmo depois mantive um ritmo regular de leitura, lendo pelo menos um novo livro por mês.
No entanto, desde que comprei meu computador — em 2000 — meu ritmo de leitura decresceu. Junto com ele decresceu também minha produção literária (embora a qualidade desta venha lentamente se aprimorando).
Claro que isto não tem a ver só com a utilização da internet, mas também com os quatro anos de desemprego que vivi. Desemprego produz depressão, desânimo generalizado. Nesses quatro anos era difícil encontrar motivação para aprender coisas novas; isto foi o que me levou a perder a agudeza que tinha antes: transformei-me numa pessoa mais indiferente e menos ávida por conhecimentos em geral.
Depois houve uma fase em que passei a ter um interesse quase monomaníaco por computadores. Havia tanta coisa nova a aprender e eu começara tão tarde…
Minhas energias acabaram voltadas mais para os meandros da manipulação da máquina do que para a efetiva utilização desta para produzir… Como dizia McLuhan: o meio se tornaria mais importante que a mensagem. Curioso que o computador que, teoricamente, nos permite fazer mais coisas e melhor tenha acabado por me impedir de ser mais produtivo em geral…