Publicado em: 23/09/2010
Os homens de lodo e de sono
aguardam o fim da última vela
repetindo com vozes defuntas
suas preces de cor sem sentido.
O fascínio do latim está perdido
e a força do fantástico apagou-se,
nenhum Aquiles romperá o nada
para lutar contra palavras ocas.
A Torre de Marfim sofreu o golpe,
os que nela vivem se espantam,
mas as plantas crescem sem Platão
e os pássaros não ouvem Nietzsche.
De dentro do esterco nasce a rosa,
de dentro dos ruídos, porém, nada.
Nada nas cores deste dia a certeza
de que este esterco é estéril.
Os frisos de Atenas são vendidos
em cópias plásticas baratas,
tenho Tutancâmon em um quadro
e o Discóbolo num livro.
E tudo tem o seu lugar correto,
nesta catedral de gostos mortos
e de dons postiços.
Não tenho memória de ter sido,
mas tenho palavras com que cavo
saudades falsas de enfeite para o livro.
Belas palavras que acendem-me
a vontade de ter acontecido,
mas isso não basta que me faça
mais que um tolo com sede de sentido.
aguardam o fim da última vela
repetindo com vozes defuntas
suas preces de cor sem sentido.
O fascínio do latim está perdido
e a força do fantástico apagou-se,
nenhum Aquiles romperá o nada
para lutar contra palavras ocas.
A Torre de Marfim sofreu o golpe,
os que nela vivem se espantam,
mas as plantas crescem sem Platão
e os pássaros não ouvem Nietzsche.
De dentro do esterco nasce a rosa,
de dentro dos ruídos, porém, nada.
Nada nas cores deste dia a certeza
de que este esterco é estéril.
Os frisos de Atenas são vendidos
em cópias plásticas baratas,
tenho Tutancâmon em um quadro
e o Discóbolo num livro.
E tudo tem o seu lugar correto,
nesta catedral de gostos mortos
e de dons postiços.
Não tenho memória de ter sido,
mas tenho palavras com que cavo
saudades falsas de enfeite para o livro.
Belas palavras que acendem-me
a vontade de ter acontecido,
mas isso não basta que me faça
mais que um tolo com sede de sentido.
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