Disse-lhe que estava em apuros financeiros bastante sérios e que era preciso que vivêssemos com menos afã e contivéssemos nossos desejos um pouco. Ela respondeu dizendo que poderia ajudar.
Disse-lhe que não tinha mais certeza se valia a pena freqüentarmos os ambientes espúrios em que estávamos enterrando nossas economias e energias. Ela me perguntou aonde mais se poderia encontrar alegria.
Disse-lhe que tínhamos muitas lembranças boas para guardarmos e nem havíamos sentido tudo de bom que há em ter um passado a dois. Ela me disse que o passado estava já rançoso e era preciso agir de novo.
Disse-lhe que o meu amor dependia de uma série de confirmações banais, entre as quais ter em recompensa algo mais que palavrório oco. Ela reafirmou palavrosamente o quanto me queria, mas não soube me dizer se renunciaria por minha causa.
Eu finalmente lhe pedi que substituísse por amor algo de seus vícios e ela confessou que o vício é mais amigo e mais terno que o amado e mais antigo e é mais difícil demiti-lo que perder o amor definitivo.
E um belo dia nós nos descobrimos como estranhos um ao outro. E eu disse palavras amargas. O amor não suporta descobrir-se dividido, especialmente se os dois amam ao mesmo…