Esta noveleta um tanto curta para ser assim classificada se baseia em uma série de rascunhos originalmente escritos em 2003, vagamente impactos pela minha leitura de As Brumas de Avalon. Eu ainda não sabia disso, mas estava nascendo ali o conceito da “Serra da Estrela”, que eu cheguei a desenvolver em mais de 400 páginas, mas ainda não concluí.
Ele será, futuramente, uma espécie de introdução ao universo da “Serra da Estrela”, no qual vou ambientar um romance e alguns contos. Nesse universo, as lendas brasileiras existem, de certa forma, e algumas maldições portuguesas foram desterradas. Esta versão, dividida em três capítulos, eu só fui concluir em 2010, solucionando graves contradições dos manuscritos originais, que tinham um clima errático e onírico, devido a se basear numa série de sonhos no qual eu seguia uma mulher a cavalo vestida de negro.
Atualmente as partes da história estão “inativadas” porque ainda não tenho certeza se vale a pena manter no site.
Na época eu ainda não conhecia o som do Uriah Heep e não poderia ter feito a ligação com “Lady in Black”. Em vez disso, o sonho se referia à uma figura na capa da edição de “As Brumas de Avalon” que eu tinha comprado naquela época. A “Senhora da Magia” levando Excalibur à mão e cavalgando um cavalo branco. Este sonho acabou se conectando, pelas tortas vias da inspiração, com outro que tive no dia seguinte, no qual me via na pele de um perseguido político, ameaçado de tortura. A conexão dos dois resulta no argumento inicial do conto. A segunda parte, escrita cerca de três semanas depois, procurou relacionar os episódios algo sobrenaturais narrados na primeira a algum tipo de acontecimento histórico conhecido. Eu planejava fazer outras conexões mais amplas, usando, por exemplo, um outro conto que eu intitulava “História de uns Fantasmas” (que acabou resultando em “Inocência Assassina”). O plano que tinha era de um romance, ou um ciclo de contos, baseado em um universo paralelo conectado com o interior de Minas Gerais.
Mas o projeto não prosseguiu. Em parte isso foi porque eu não gostava muito de histórias de fantasia e terror, mas a principal razão foi não vislumbrar maneiras de dar prosseguimento à história. Durante muito tempo os contos “A Cabana ao Pé da Montanha” (atual Parte I) e “A Mansão Além da Montanha” (núcleo da Parte II) figuraram como duas histórias independentes e inacabadas em meu antigo site. Porém, durante o ano de 2009, resolvi retomar o projeto do “Grande Romance Místico Mineiro” e acabei revisitando os dois textos. Na época escrevi um terceiro, chamado “O Círculo Entre as Montanhas”, que foi o esqueleto da Parte III. Por fim, agora no comecinho de 2011, numa tarde razoavelmente inspirada, revisei os três contos, consertei as conexões entre eles, tornando-os efetivamente partes de uma mesma história, e os publiquei no blog.
O protagonista, alter ego meu, é um homem que está fugindo da polícia e encontra, em certa parte deserta de uma região que lhe era familiar, uma mulher de modos e vestes estranhas, a quem ele segue instintivamente, e que o leva a um lugar que parece destacado da realidade em que ele vivia. Um lugar onde ele simultaneamente se sente seguro da ameaça que a lei lhe impunha, mas ameaçado por outros perigos e obrigado a um novo destino.