Carlos Drummond de Andrade publicou em 1934 um livro intitulado “Brejo das Almas”, assim chamado em homenagem a um município do norte do estado de Minas Gerais. Os habitantes desse lugar, ingratos, em vez de aceitarem a homenagem do grande poeta, acabaram mudando o nome do lugar, em 1948, para “Francisco Sá” em comemoração a alguém que certamente merece ser comemorado, mas que não tem nem o charme e nem o enigma do nome original, literalmente, que o município recebera ao ser emancipado em 1923.
Uma coisa é certa, qualquer pessoa dotada de senso poético preferiria mil vezes morar no Brejo das Almas do que em Francisco Sá. Existem inúmeras cidades homenageando inúmeros franciscos, todos homens de caráter e dignos de honras, mas quantas cidades há que conjugam um nome de tanto impacto e a lembrança de um dos maiores poetas da língua portuguesa?
Drummond, talvez ofendido pelo rebatismo, nunca mais deu nome de lugar a nenhum livro seu. E a cidade, que seria eternamente lembrada toda vez que alguém lesse uma biografia do poeta, está condenada ao olvido, esse tipo de esquecimento poético que é muito mais grave do que o opróbio, porque esse, pelo menos, pode trazer a reboque alguma notoriedade.