tal como na vida temos, às vezes, de superar a ausência de uma pessoa, há vezes, na literatura, que temos de superar a ausência da palavra exata. Só há três caminhos: descobri-la, inventá-la ou contornar sua ausência através da paráfrase. Bem, existe um quarto caminho, que envolve uma pedra no meio do caminho, eternamente a impedir a continuidade da obra.
Terá o meu respeito o tradutor que fizer uma versão de “Frevo Mulher” para qualquer língua. Até mesmo português.
Um belo dia você fala uma besteira. Seria simples dizer: “errei, porra” e pedir desculpas. Mas não, incapaz de aceitar o dedo alheio apontado para a bosta que cagou, o sujeito resolve bater o pé no esterco e fazer dele um cavalo de batalha. E assim, incapaz de apear do monte de fezes que criou em sob si, expande as ofensas de forma a atrair o maior número possível de reações, porque é melhor ser o mártir da merda do que admitir ser um cara que um dia disse uma asneira (sobre Eduardo Bueno ter chamado o nordeste de “bosta” e depois ter estendido o adjetivo a todo o país).
Boa tarde para vocês que se ofendem fácil. De amigos de cristal ninguém precisa. Amizade boa é de bronze ou ferro.
O sucesso de um mau autor não significa que ele seja bom, antes depõe contra a qualidade do público. Há mais demanda por capim do que por pizza porque há mais vacas do que italianos no mundo.