Quando o mundo parece excessivamente careta, excessivamente nos trilhos, quando o triunfo inevitável da monocultura ideológica parece impossível de contornar; somente a juventude pode nos salvar. Os partidos e as ideologias perdem força quando envelhecem, perdem a criatividade atrevida que somente os jovens, os que nunca erraram para aprender o medo, conseguem ter.
Nesse país onde todos os meios de imprensa estão acometidos por um misterioso vírus que faz sumir o nome de personalidades e siglas de partidos de oposição quando a manchete é sobre corrupção ou crime em geral, martela-se diariamente contra um lado só e ninguém parecia enxergar um caminho. A “verdade” construída, inflada pelo repeteco e pela escolha cuidadosa do foco, vinha triunfando sobre a verdade espontânea. Então Manu agiu.
Apesar do gigantismo de sua imagem, o discurso fascista da oposição não resiste a um exame próximo. Sem a blindagem da imprensa amiga, seria fácil perfurá-lo e ele se esvaziaria como um balão de ar quente. Manu perfurou fisicamente aquela materialização esdrúxula com que se caricatura a política no Brasil. Bastou um pequeno furo, o rasgo foi forçado pela pressão do ar contido, da verdade realmente sufocada, e o boneco desmontou-se de maneira humilhante, diante do ódio dos golpistas e do sorriso puro da moça, cuja beleza com covinhas e tudo só serviu para dar mais alegria ao gesto.
Este país precisa de mais Manus, perigosas mulheres com estiletes à mão, prontas para cutucar a mentira com a ponta metálica de sua irreverência. A mentira não pode ter cordões de isolamento, não pode ter pactos de silêncio. A verdade não é perfurável, a mentira sim.
Manu nos deu a sensação de que talvez haja esperança para a esquerda. Descartemos a senectude conformada dos que já erraram muito e aprenderam o medo. Vamos ouvir um pouco mais a doce e sorridente irresponsabilidade dessa gente jovem de estilete à mão.
Ave, Manu! Morituri te salutant!