Estamos no futuro. A data é desconhecida, porque a cronologia da humanidade já se perdeu… várias vezes. A humanidade já foi grande e já se destruiu, mais de uma vez. Explorou o universo durante milhares de anos, e brincou com fogo… e se queimou.
Agora tudo isso passou. Os tempos de orgulho acabaram. Os últimos milhões que ainda se consideram “humanos” vivem acuados em um castelo-fortaleza, o Último Reduto da Humanidade. A Grande Pirâmide, construída do perene Metal Cinzento que nenhum Monstro rompeu. Cercada pela Barreira de Ar gerada pela sagrada Corrente da Terra.
Do alto da Torre de Observação, a onze quilômetros do chão, os Monstrovidentes vigiam o mundo, tentando entendê-lo, mas, acima de tudo, para dar o Alerta quando não houver mais proteção.
Lá fora está o caos. Sem esperança. Sem salvação. Famílias rezam para que o fim não chegue na geração de seus filhos, e todos vivem preparados para este fim inevitável. Resguardando os espíritos, para que haja esperança no Encontro Final.
Lá fora está a escuridão eterna e fria. As Sentinelas que sitiam o Reduto como tubarões em torno de um naufrágio. As diversas espécies de ab-humanos inimaginavelmente ferozes, descendentes daqueles que não entraram no Reduto, mas se aliaram à Noite. Os Cães da Noite e outras feras evoluídas para um mundo muito mais cruel, algumas trazendo o sangue de seres de outros planos. E também as Forças do Mal que devoram o espírito.
À vontade na noite, os monstros se mesclam, se matam, se comem e aprendem. Estão cada dia mais fortes e mais preparados, enquanto a Humanidade, longe da comunhão com esta nova e hostil natureza do mundo, permanece presa no Último Reduto, à espera do Fim.
Alguns humanos, no entanto, anseiam pela Noite. Querem deixar a segurança da Grande Pirâmide e explorar as trevas, ainda que raros voltem. Não importa, para eles sair é uma Aventura, é uma chance de glória. É o sonho acessível aos loucos. Só precisam aprender as lições dos aventureiros passados, manusear a Arma, vestir a Armadura Cinzenta e locomover-se pela Noite. É preciso, também, estar Preparado para, no momento extremo, morder a Cápsula inserida sob a pele do punho e libertar o espírito.
Caso volte, o Aventureiro sempre entrará em uma casta mais alta do que aquela de onde saiu. Terá uma lembrança, uma história, um nome.
Este é o mundo de X.
Ele está vivo, e isto é tudo.
Vigiando as trevas, observando os sinais visíveis de atividade, tentando compreender as Forças que pulsam na Terra. O mais jovem e mais promissor dos Monstrovidentes, único que pode Ouvir e Falar através da Noite.
Então ele recebe uma mensagem. Uma S.O.S. que parece saído das lendas. Em algum lugar nas Trevas do mundo há outros humanos. São poucos e estão desesperados. Entre eles há alguém importante demais, alguém que, mesmo sem ser vista, faz ferver o sangue de X, e transforma o burocrata em Aventureiro. Agora X abandonará a segurança do Reduto e enfrentará as trevas, sem rumo, em busca do Reduto Menor.
Aguarde, para breve, a primeira tradução em português de “Terra da Noite” (“The Night Land”), um dos mais seminais romances de fantasia e ficção científica do início do século XX.
As trevas não se dissiparão. Mas é possível que a vida e a felicidade não tenham de acabar hoje.